Saindo pelo ladrão

Eis o gigante acordado! Que barulho foi esse, capaz de tal feito?

Como as cigarras que emergem da terra aos milhões depois de quase duas décadas de sono letárgico, o monstro tupiniquim irrompe em cíclica ressurreição.

E também como para a aparição da cigarra, ainda não se achou uma explicação simples para essa emergência popular à brasileira.

O fato é que, entre uma dormida e outra, o Brasil despertado assusta!

Dá a falsa impressão de ser melhor quando está adormecido – ou sedado! – sonhando o seu sonho intenso…

Mas o gigante se encheu e está vazando pelo ladrão!

A juventude do Brasil – desta vez mais incisiva do que nas “Diretas Já” e com muito mais caras-pintadas do que no “Fora Collor!” – decidiu sair do Facebook e mostrar a face real nas ruas, onde a vida acontece da forma como ela é, apesar da estatística oficial que convém.

Aproveitando-se da exposição internacional que só o próximo campeonato mundial de futebol, na sua megalomaníaca preparação, poderia oferecer, a cidadania nacional pôs a cara pra levar spray de pimenta e bala de borracha para exigir menos corrupção e mais respeito.

Que se conceda – já tão tarde – a dignidade a que todos os brasileiros têm direito e a qualidade de vida que a imensa riqueza de seu país pode dar!

É preciso que o país se livre da imagem de paraíso da maracutaia e da possibilidade de que ao legal se dá umjeito; que desapareça o Estado que tudo toma e retribui com desamparo; que se restitua os direitos básicos – de acesso surrupiado por todos os colarinhos –  e que não seja à mercê de uma Justiça obstruída pela parcialidade comprada, pelo excesso de trabalho e pela falta de serviço…

Não é utopia desejar um serviço público – parceiro, fiscal e paradigma do privado – mais empenhado em mostrar ao povo, no balcão, quem está servindo quem; e, nas ruas, almejar que seja mais fácil diferenciar um policial de um bandido, ou uma caçada a criminosos numa blitz de uma caçada de criminosos num arrastão.

Muitas nações conseguem, com um pouco mais de honestidade e cumplicidade na boa vontade e no patriotismo entre governo e sociedade, elevar a qualidade de vida de seus cidadãos.

Pode-se começar a melhorar, portanto, apenas fazendo imitações…

Porque, pelo jeitão dos brasileiros no seu protesto, não vai ser nada fácil à corte convencer os seus bobos em rebelião que este é o seu melhor governo e continuar fazendo nada além da retórica populista!

Nem com profissionais em enganação das massas e muito menos com o guru da enrolação na presidência paralela…