A TERRÍVEL GRIPE H1N1

Novamente sobram relatos e mortes causadas pela Gripe H1N1. Para
elucidar as conseqüências de uma pandemia mundial, narrarei às fatos
ocasionados pela Grippe Hespanhola. Essa doença também teve como vírus o
H1N1 encubado em animais. No Brasil, em outubro de 1918 o cenário era
dramático. A proeminente cidade de São Paulo viu-se às moscas. Grupos primários mandaram os alunos para casa, sociedades esportivas suspenderam
jogos, teatros e cinematógrafos cancelaram sessões, paróquias aliviaram o
terço. Compras, no que restou de comércio, eram feitas por uma única pessoa
da família e o troco era colocado sobre a mesa. No mundo, foram infectados
600 milhões de pessoas tendo morrido mais de 20 milhões delas, (ou 40
milhões como muitos defendem). A Grippe Hespanhola matou mais em seis meses
do que a AIDS em 23 anos, ou a Peste Negra em um século. Perto dela, a
Primeira Guerra Mundial com oito milhões de mortos foi uma vírgula nas estatísticas. No Brasil, oficialmente ocorreram 35.240 óbitos. A dificuldade
de se respirar chegava a ser tão grande que os corpos ficavam arroxeados,
tanto que não era fácil distinguir o cadáver de um branco do de um negro. Os
mortos eram jogados nas ruas para ser recolhidos por caminhões e carroças da
limpeza pública. Relatos dão conta que se um deles ainda mostrava sinais
vitais, recebia o golpe fatal com as costas das pás. Os paulistanos ganharam
luz elétrica para enterros noturnos e os coveiros se multiplicaram. O fato
do Presidente da República Rodrigues Alves ter sucumbido à Grippe Hespanhola
não coloca a doença num patamar democrático. Eleito para um segundo mandato
em 1° de março de 1918 caiu gripado no final de outubro, falecendo em
seguida. Assumiu o vice-presidente Delfim Moreira sob um clima de desânimo e
abatimento. A partir de fevereiro de 1919, a Grippe Hespanhola perdeu
força. O caos no mundo só não foi pior pela solidariedade das pessoas. Essa
calamidade sem igual trouxe à luz a falta de organização sanitária do mundo.
O sabor ao redor da Terra era de derrota. Não podemos mais arriscar.