UM ANO DE TEMER

Michel Miguel Elias Temer Lulia, 76 anos, descendente de libaneses,
advogado do Largo São Francisco, doutor em Direito pela PUC SP, refrência em
Direito Constitucional, Presidente da Câmara dos Deputados por três
ocasiões, duas vezes Secretário Estadual de Segurança em São Paulo, hoje
Presidente, uma das rapozas da política nacional. Antes de tudo, Temer foi
eleito na chapa de Dilma, está no governo há tempos e também é responsável
pela maior recessão econômica do período republicano de nosso País. Seu
governo completou um ano notabilizando-se por ter sido o que pior se
comunicou com os brasileiros. O político Michel Temer teve nesse primeiro
ano um desafio inversamente proporcional ao pouco tempo que lhe resta no
cargo. Vem conciliando governabilidade com apoio do Congresso Nacional.
Mesmo seus mais ferrenhos adversários deverão reconhecer em Temer a
habilidade política necessária para construir, num Congresso acossado por
denúncias e malvisto pela opinião pública, uma maioria suficiente para
aprovar as urgentes mudanças constitucionais, todas elas extremamente
impopulares, para impedir que a economia entre em colapso e ao mesmo tempo,
para incentivar a retomada dos investimentos e do crescimento. Estancou o
processo de queda livre da atividade econômica, cimentando as bases para
controlar a inflação e diminuir juros. Vem imprimindo bom ritmo na reforma
trabalhista e tropeçando na reforma da previdência social. Temer não se
esqueceu dos programas sociais, porém selecionou excessos e vem excluindo os
vieses assistêncialistas herdados do Lulopetismo. Em respeito ao combate a
corrupção, vem se esquivando, pois sua base de apoio está carcumida com
denúncias e comprometida quase que inteiramente com escândalos. Foram oito
ministros afastados em um ano e há outros tantos que frequentam listas de
suspeitos. O próprio presidente foi citado em parte das dezenas de delações
do mundo político. À sua maneira, Temer conseguiu, nesse curtíssimo
intervalo de tempo, deixar plantadas importantes bases para que o próximo
presidente da República tenha condições mínimas de governabilidade. Diante
do fato de que não será mesmo popular durante seu mandato e de que as
reformas são naturalmente amargas, Temer parece convencido de que seu papel
é colocar a casa minimamente em ordem – o que, diante das circunstâncias, já
lhe garantirá um lugar de destaque na história.