Um drible dentro das regras do jogo

Na última quinta-feira o Federal Reserve (Fed – o banco central americano) deu mais uma cartada arrojada na luta contra sua crise interna e com repercussões internacionais.

E que repercussões! Foi anunciado o EQ3 (Quantitative Easing 3) a injeção de US$ 40 bilhões mensais na economia dos Estados Unidos e sem data marcada para terminar.

Em outras palavras, vão imprimir esse valor em papel moeda, dólares, e jogarão no mercado através da compra de títulos do crédito imobiliário de curto prazo, e ao mesmo tempo farão o lançamento de novos títulos de médio e longo prazos, mantendo os juros muito baixos, de no máximo 0,25% ao ano, até 2015.

Por que essa medida? O principal perigo seria favorecer a inflação e a disparada dos preços, mas no atual estágio da economia americana isso além de ser bastante improvável, ainda apresenta condições para evitar-se a tempo qualquer desvio acidental.

É uma situação bastante particular, levando-se em conta os tradicionais preceitos da economia teórica, e eles estão usando muito bem em benefício próprio.

Procurando um exemplo do cotidiano, seria como numa corrida de fórmula 1, um piloto competente fazer um curva arrojada, aproveitando todo o espaço que possui para a manobra ser feita na maior velocidade possível, ciente do risco de ser atirado contra o guard rail, mas com isso passar seus adversários e tirar grande vantagem.

É evidente que numa corrida como essa, no mundo capitalista, quando um ganha, outro paga a diferença.

Como já aconteceu nas outras duas oportunidades que o Fed jogou dessa forma no QE1 e QE2 os protestos internacionais foram unânimes. A própria presidente Dilma denunciou ao mundo o tsunami monetário internacional, causado pelos abalos sísmicos da política econômica americana.

Por que tal revolta? As impressoras americanas rodado e jogando dólares no mercado provocam imediatamente a queda do valor do dólar perante as demais moedas estrangeiras. Como a maioria dos negócios e das dívidas do planeta estão lastreadas em dólares, os Estados Unidos passarão a dever menos e seus credores, consequentemente a receber menos na moeda de cada país.

Mas isso não é o maior benefício, os produtos americanos ficarão ainda muito mais baratos e competitivos no mercado internacional, ultrapassando muitos concorrentes exatamente naquela curva!

E por fim, movimentarão a economia de seu país, uma vez que o perigo da inflação está monitorizado com aparelhos de alta precisão.

Esses desencontros acontecem às melhores famílias do mundo capitalista!