No início da década de 90 apareceram algumas pesquisas, de caráter estatístico, as quais mencionavam possíveis efeitos benéficos da ingestão diária e moderada de vinho tinto por longos períodos, acima de 20 anos, que seriam responsáveis pela menor incidência de doença coronária, em última instância, a causa o Infarto do Miocárdio.
Os primeiros trabalhos focavam grupos de agricultores franceses, que mantinham hábitos regulares. Como cardiologista, tive a oportunidade de assistir à algumas apresentações sobre o tema, em congressos na Europa e no Brasil; no início os congressos norte-americanos não deram muito valor ao assunto.
É muito comum a comunidade científica receber informações que se referem a dados novos, como esse caso, e são vistos simplesmente como “dados”, ou seja, são registrados à espera de outros experimentos a serem realizados por grupos independentes e que confirmem ou não tais resultados.
Porém, em função dos prazeres das libações com o “néctar dos deuses” os dados acima se difundiram rapidamente pela mídia, para o entusiasmo dos adeptos e alegria dos produtores.
As pesquisas continuaram em vários centros, basicamente universidades e se concentraram principalmente no Resveratrol, um polifenol que se encontra principalmente nas sementes e cascas de uvas escuras e no vinho tinto.
No entanto, a comunidade científica foi sacudida há poucos meses com um comunicado oficial da Universidade de Connecticut, EUA, para 11 jornais e revistas científicas de todo o mundo, no qual menciona que os benefícios para a saúde reivindicados a favor do vinho tinto, relatados em estudos de um de seus pesquisadores, apresentam indícios de falsificação e manipulação de dados! (Health.com)
Esse pesquisador é Dipak K. Das, Ph.D., diretor do Centro de Pesquisa Cardiovascular da mesma universidade e nada menos que o mais proeminente estudioso dos benefícios cardíacos do Resveratrol do mundo!
Um comitê científico da Universidade de Connecticut avaliou durante 3 anos os trabalhos de Dipak e concluiu que os dados referentes a 7 anos de suas pesquisas foram manipulados, pelo menos em 145 oportunidades e divulgados em 26 jornais e revistas científicas.
“Nós temos a responsabilidade de corrigir os dados científicos e informar aos nossos colegas pesquisadores do país” diz o comunicado do vice-presidente da universidade, para assuntos da saúde, Philip Austin.
Tal comportamento, que demonstra integridade ética e fidelidade aos princípios da pesquisa científica, além de um exemplo para o mundo é pelo menos invejável.
Quem já viveu no ambiente de pesquisa sabe bem que a emoção faz parte da pessoa do pesquisador, mas esse deve ser sobejamente treinado e com maturidade suficiente para não deixá-la interferir no seu trabalho. Como é frustrante após alguns anos de dedicação a um estudo, descobrir que os últimos dados não confirmam as premissas básicas, a que se propôs inicialmente confirmar!
Não é incomum assistirmos em congressos de cardiologia à apresentação de trabalhos de alto nível, os quais demonstram que tal hipótese “não” foi confirmada, e portanto tal fato não corresponde à verdade científica.
Mas também, quando uma pesquisa atinge a mídia, e ainda mais a mídia internacional, como foi o caso dos trabalhos de Dipak, por estarem relacionados à aprovação de hábito tão apreciado, e o pesquisador vê sua imagem projetada globalmente, é necessário amar muito a verdade e ter um caráter verdadeiramente científico, para não permitir que a vaidade pessoal cometa asneira como essa.
E para aqueles que racionalizavam suas libações, justificando seus prazeres pelas pesquisas científicas, restam as célebres palavras do ex-Presidente da República Jânio Quadros, ao responder a uma jornalista: “Bebo porque é líquido, se fosse sólido come-lo-ia”.
FOR THE SAKE OF BACO’S FANS…
(JANIO QUADROS: 75 YEARS OF HAPPY, VERY HAPPY LIFE!)
Earlier reservatrol studies have suggested the compound might be “exercise in a bottle” in its ability to stave off the effects of a sedentary lifestyle, while other research has said the compound might reduce risk for skin cancer. According to the Mayo Clinic, some studies have showed resveratrol lowers levels of “bad” cholesterol and protects the lining of heart blood vessels.
In 2009, 60 Minutes’ Morley Safer profiled potential benefits of resveratrol.
Some resveratrol researchers were not concerned by the fraud allegations and still believe the compound can improve longevity.
“I don’t expect this news to have a big impact on what we work on,” Dr. David Sinclair, a resveratrol researcher at the Harvard Medical School, told CBS News in an email. Sinclair had been featured in the 2009 60 Minutes report. Sinclair said his research focuses on sirtuins and aging, while a lot of the published research papers in question focused on heart health.
“There is a comprehensive body of literature in mouse and rats indicating that resveratrol is effective in preventing numerous diseases in those animals, including type II diabetes, neurodegeneration, fatty liver, and inflammation, Sinclair said. “These results would not be in question, even if some of his work is retracted.”