Como devem ter sonhado os Astecas e os seus conterrâneos Maias – antes que el conquistador Fernando Cortez transformasse tudo em pesadelo – se a profecia do fim do mundo falhasse, o México ainda seria um grande país…
Pelo menos parece ser esse o objetivo do atual presidente mexicano Enrique Peña Nieto, que tomou posse em primeiro de dezembro e tem tentado mostrar a que veio.
Assumindo um país onde a bonança consumista (ainda) mora ao lado – a nação do ranchero muy macho Emiliano Zapata e seu irmão Eufemio apresentou um crescimento do Produto Interno Bruto ao redor de 4% para o ano de 2012 – e paga salário de trabalhador chinês aos seus empregados, o mandatário já conseguiu lançar as bases pra mudanças radicais no sistema de educação e estabelecer uma comissão anti-corrupção.
Simultaneamente, Peña Nieto tem tomado medidas visando reformas que exigem prazo e incerteza ainda maiores: a segurança pública.
Agora a alça de mira de seu trabuco naranjero se volta para os dois mais notórios poderes de facto: o crime organizado e o sindicato dos professores.
Seu antecessor, Felipe Calderón, começou declarando guerra às máfias da droga, chamando o exército pra restabelecer a ordem: os crimes de morte dobraram em cinco anos, embora as gangues tenham enfraquecido – nada bom como referencial!
Mister Peña, que prometeu em campanha reduzir pela metade o índice de assassinatos até 2018, oferece estratégia diferente, ou seja, transfere toda a responsabilidade pela segurança pública a um reforçado Ministério do Interior, proposta que virou lei aprovada em 13 de dezembro.
É criada uma legião de paramilitares retreinados – inicialmente 10.000 combatentes – que serão enviados às áreas mais perigosas.
Los Federales, a polícia federal grandemente expandida por Calderón, deverão priorizar a investigação criminal, eis que apenas 8% dos crimes são reportados e, destes, somente 15% são solucionados.
O México, com seus 31 estados, será, de acordo com os planos, dividido em cinco regiões subordinadas ao governo central, para fins de segurança.
Quanto à educação mexicana, uma das piores do mundo, o objetivo é mudar o mecanismo corrente de destinar a maior parte do orçamento aos sindicatos de professores, que o divide – sob a crítica da sociedade pai-de-aluno e eleitora – entre os seus membros como se fosse butim.
Não gostaria de estar na pele do Miguel Angel Osório, o señor Ministro do Interior, mas tomara que a intenção – e a viabilização efetiva! – dos planos da nova equipe governamental de educar melhor os cidadãos e de reprimir o crime que lá impera reduza muito a execução destemida de mexicanos, o intenso tráfego aéreo de bala perdida entre os miguelitos – que seja exemplo! – e o tráfico de drogas para os filhos do Uncle Sam.
E que possibilite o retorno da paz da Acapulco do tempo do Elvis na terra da tequila, para além dos limites dos cenários de Cancun…