A dor nas costas é a maior causa de afastamento do trabalho no Brasil. 83,5 mil licenças em 2015, segundo o INSS. Ou seja: o equivalente a 228 afastamentos por dia. Em 2016 os números subiram: até março, foram 24.247 pessoas afastadas, média de 286 licenças por dia. Aumento de 25% em relação a 2015.
O estado de São Paulo representa 20% desse total, com 16.766 casos no ano passado. A má notícia é que esse número tende a aumentar, se não cuidarmos de algo que parece não preocupar as famílias. Estamos fazendo as crianças carregarem em suas mochilas escolares, mais do que 25% do próprio peso. Isso significa o comprometimento da coluna vertebral de adultos daqui a 20 anos.
Uma epidemia de dor nas costas e outras patologias, pois ninguém pode prever a consequência de concausas conforme a heterogeneidade dos organismos. É por esse motivo que precisamos repensar no conteúdo da mochila, ao mesmo tempo em que revisamos o conteúdo dos currículos escolares. No Ensino Médio, treze disciplinas obrigam o alunado a carregar os respectivos livros e, além do material didático e de garrafas com a bebida preferida, há evidente sobrecarga.
Além de reduzir o número de disciplinas, flexibilizando o currículo e abrindo espaço para o lúdico, para o intuitivo, para a relevantíssima parcela socioemocional da criança e jovem, precisamos investir rapidamente na utilização das tecnologias de informação e comunicação. A juventude já nasceu antenada, com chip em sua circuitaria neuronal que é essencialmente digital. Não encontra interesse na nossa circuitaria analógica.
O smartphone, o tablet e todas as outras bugigangas eletrônicas precisam ser utilizadas para finalidade pedagógica. Certamente, com evidente maior aproveitamento no aprendizado. Apenas por curiosidade, quais as outras causas do absenteísmo no trabalho?
73.113 fraturas na perna, 54.249 fraturas de punho e mão, 52.598 outros transtornos de discos intervertebrais, 48.635 fraturas do antebraço, 47.699 leiomioma do útero, 44.487 fraturas do pé, 43.091 episódios depressivos, 42.070 lesões do ombro e 39.916 hérnias inguinais. Vamos cuidar mais de nossa saúde e também evitar acidentes?
Fonte: Jornal de Jundiaí | Data: 20/10/2016
JOSÉ RENATO NALINI é secretário da Educação do Estado de São Paulo. E-mail: imprensanalini@gmail.com.