DESGOVERNO, POLÍTICA, ECONOMIA

Trem-bala, câmbio, Copa do Mundo, inflação, gasolina, incompetência, por
onde começar? Faltando cerca de seis meses de mandato e a presidente Dilma
Rousseff só realizará alguma coisa se romper uma teia de trapalhadas
construída por ela com a colaboração de um dos Ministérios mais
incompetentes da história e com uma herança maldita deixada por Lula.
Algumas situações são irreversíveis a médio prazo, como por exemplo a
Petrobrás. Por conta dos erros acumulados em vários anos, sendo usada como
instrumento financiador do plano de poder do governo, está a beira do caos.
Outras decisões serão mais fáceis, como o abandono do projeto do trem-bala.
Basta saber se terão coragem de admitir o erro. Mesmo sem sair do papel,
esse projeto já custou pelo menos R$ 1 bilhão, segundo informou O Globo.
Perseguido com extrema incompetência, a Copa do Mundo, com projetos em
atraso e custos multiplicados, talvez seja o caso mais visível de
irresponsabilidade. O governo tem exibido mais preocupação com a aparência
do que com as finanças. O quadro tem piorado com o uso crescente de
maquiagem para enfeitar o quadro fiscal e a inflação. Essa maquiagem, a mais
cara e menos eficiente do mundo, tem borrado os limites das políticas
fiscal, de crédito e de combate à inflação com grande promiscuidade entre o
Tesouro e os bancos federais, principalmente com o BNDES. Sem apoio firme no
Congresso, sem competência gerencial e sem coragem de reconhecer erros e
desafios, o governo da presidente Dilma não cansa de criar e acumular erros
e problemas. Por mais de dois anos insistiu na prioridade à expansão do
consumo, sem cuidar da eficiência econômica e da capacidade produtiva. Foi
incapaz de reconhecer o esgotamento da política de ampliação do mercado
interno. Inflação, descompasso entre importações e exportações e erosão das
contas externas foram as consequências mais visíveis desse erro. Em vez de
atacar a inflação, o governo manteve a gastança, tentou maquiar os preços e
ainda promoveu de forma voluntarista uma prolongada redução dos juros. Uma
política mais prudente, mais corajosa e mais voltada para o longo prazo
teria tornado a economia nacional mais eficiente e menos dependente do
câmbio para a competição global. Ao mesmo tempo, uma inflação mais baixa,
como em outras economias emergentes, tornaria mais fácil absorver os efeitos
da depreciação do real. Como toda a política foi errada, também nesse caso a
escolha é muito custosa: O País fica mais competitivo com o dólar bem mais
caro, mas o combate à inflação, nesse caso, tem de ser mais duro. Não há
decisão fácil e confortável num ambiente de erros acumulados por muito
tempo. Com a aproximação das eleições, quantos erros o governo estará
disposto a atacar seriamente, em vez de apenas continuar disfarçando?