A crise econômica que assola principalmente a Europa nesse momento está conhecendo novos e importantes detalhes.
A Grécia é o epicentro desse furacão com fracassos políticos sucessivos para a formação de um governo viável e representativo. Tanto as eleições de março, como a recente tentativa de formar um governo tecnocrata foram “águas abaixo”.
Agora, os gregos vão novamente decidir em junho se permanecem na Zona do Euro, ou se vão deixar definitivamente a moeda, o que seria um grande impacto negativo para a União Europeia (EU).
O principal problema da crise grega para a economia mundial é que tudo indica que o vendedor nas eleições de junho será a Coalizão de Esquerda Syrisa, que já deixou claro sua posição de não aceitar a política de extrema austeridade imposta ao país pela EU, após o maior calote da história. Atualmente a Grécia vive um de seus piores momentos, com as falências econômica e política, e uma grande instabilidade emocional da população. Dados estatísticos revelam um aumento de 40% no número de suicídios no último ano.
Por outro lado, a chanceler alemã, Angela Merkel já sinalizou que não haverá liberação das parcelas do resgate de 130 bilhões de euros, se a Grécia abandonar as políticas de austeridade, em conformidade com a EU (O Estado de São Paulo).
O que significa que a liberação de 18 bilhões de euros que a Grécia necessita está condicionada à manutenção dos acordos pelo Syrisa, provável vencedor em junho, ou a saída do país da EU.
Este ápice da crise gerou instabilidade nos mercados mundiais, bem como uma nova onda de preocupações, incertezas e especulações sobre o futuro da economia mundial.
É sintomático que vários líderes e porta-vozes de grandes conglomerados bancários deram uma guinada à esquerda, na base do “senta que o leão é manso”, ou seja, uma tentativa de acalmar os mercados perante a evidência desse impasse real. O tom dos comentários mudou, no intuito de evitar o aumento das flutuações e intempéries pelo fator emocional.
Soma-se ainda a situação da Itália, que não vinha bem e acaba de entrar em recessão, mais Portugal e Espanha.
O Brasil já começou a sentir, agora de forma mais contundente, os efeitos das turbulências, principalmente europeias. O governo agiu rápido e atacou de início os juros bancários, já promete uma reforma tributária e cita alguns alvos, como a tributação da energia, por exemplo. O dólar atingiu R$ 2,00 ontem e não dá sinais que estabilidade, ao mesmo tempo que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou queda de 2,26% e já passa a apresentar resultado negativo em 2012.
Perante esses fatos e dados, fica evidente que a bonança da economia brasileira vivida nesses últimos anos não foram somente por méritos domésticos, mas muito mais pelo deslocamento de ativos internacionais voláteis e especulativos, em busca de juros altos.
Nos 3 primeiros dias de maio os estrangeiros retiraram da Bovespa 900 milhões de reais, o que representa uma média de 300 milhões de reais por dia; tais valores superam a média diária de 213 milhões, na explosão e pico da crise global em 2008 (Bovespa).