Domingo passado, o BIS (Bank for International Settlements), o Banco para as Compensações Internacionais lançou um sério alerta aos países emergentes sobre o risco do crédito descontrolado e no endividamento da população.
Para o BIS, considerado o banco central dos bancos centrais, a crise global está alimentando booms de crédito e dos preços dos ativos, principalmente dos imóveis nos países emergentes, o que poderia levar a explosões de bolhas, piorando a crise global sem proporções.
Em seu relatório anual, o BIS chamou a atenção dos bancos centrais dos emergentes, como o Brasil, salientando que as políticas econômicas para aumentar o consumo certamente levarão ao descontrole do crédito, gerando grandes fluxos desestabilizadores de capital para esses países.
Salientou a semelhança dos desequilíbrios financeiros crescentes que ocorreram nas grandes economias, previamente ao desencadeamento da crise. No Brasil, o preço do imóvel praticamente dobrou desde a quebra do Lehman Brothers em 2008.
A fração do PIB (Produto Interno Bruto) que as famílias e empresas no Brasil, China, Índia e outros está aumentando, no que se refere ao endividamento interno em nível mais alto desde 1990, mesmo com as taxas de juros em baixa.
Segundo o Banco Central brasileiro, em maio o crédito atingiu 50,1% do PIB, que há um ano estava em 45,7%.
O BIS manifestou preocupação que os bancos centrais dos emergentes estão em uma situação delicada, e a solução não é simples, porque se aumentarem as taxas de juros vão atrair novos fluxos de capital estrangeiro, o que impulsionaria o crescimento do crédito doméstico.
Sugere um acompanhamento mais rígido e prudente das taxas de juros, que sejam seletivas em relação à entrada de capitais e ao mesmo tempo o uso de ferramentas para retardar o crescimento do crédito, visando reforçar o sistema financeiro contra os riscos dessas oscilações.
O BIS pediu também para os mercados emergentes prestarem muita atenção às exportações daqui em diante, pois as perspectivas são de estagnação da economia mundial.
Realça que das 28 maiores economias mundiais, apenas duas podem esperar crescimento de seus parceiros de 2011-2015, em relação ao que aconteceu em 2003-2007.
Para o Brasil, seus principais parceiros comerciais deverão crescer numa taxa de 0,7% até 2015, bem abaixo do que cresceram antes do início da crise.
O BIS está cumprindo a sua função e lançando um importante aviso para os bancos centrais, dos riscos iminentes decorrentes da crise atual, como também as perspectivas que se podem vislumbrar no horizonte do sistema financeiro mundial.
Essa manifestação do BIS torna muito claro que a crise é viral e global, não adianta tergiversar com populismos ou pseudo-nacionalismos políticos, e o que nós brasileiros esperamos do Congresso Nacional é o total apoio às políticas econômicas do governo, que podem ser severas e talvez desagradar alguns redutos políticos regionais.