A BOCA DE BOLSONARO

Ao Capitão Jair Bolsonaro, com o fardo da Presidência da República, cabe exercer o poder delegado pelo povo de maneira soberana, protocolar e com a inevitável contrapartida da onerosa responsabilidade partilhada. Toda vez que vocifera de forma inconsequente desarranja e economia e provoca dúvidas nos investidores nacionais e internacionais. Nossa combalida economia, destruída pelo Lulopetismo, vem reagindo graças a um time de primeira que o próprio Bolsonaro regimentou, mas é frágil, precisa de investidores para que o desemprego diminua e retomemos nos trilhos. Os antigos romanos, dos quais os modernos governistas apreciam além da conta, diziam que a dúvida sempre beneficia o réu, no caso de Bolsonaro, apenas os réus companheiros. Aos adversários reservam o agravamento da suspeita para a culpa. Tais romanos, há 2 mil anos, diziam que “errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico”. Não passou pela cabeça privilegiada dos varões de Plutarco que uma pessoa honrada viesse a cometer vários erros consecutivos, não por acreditarem na premissa da virtude sobre a tentação do pecado, mas por se sentirem protegidos pela instituição sagrada da república. De patrício nenhum se admitia que fosse mais diabólico do que o próprio diabo ao se negar a preferir o erro ao acerto mais de uma vez. Estes reivindicam o benefício da dúvida sem a contrapartida da obrigação de exalar virtude. A Luís de Camões, fundador da língua portuguesa, com o reconhecimento do poeta Fernando Pessoa, também faltou imaginação para forjar um verbo que admitisse mais que o segundo erro seguido. Tal verbo poderia ser “emburrecer”? Já que, convenhamos, não seria bastante usar o prefixo que designa a terceira vez no neologismo tri-incidir. O vernáculo tem sofrido com a verborragia de Jair Bolsonaro e sua trupe. Mas muito mais do que a murcha flor latina, aqui se violentam os bons costumes republicanos, renegados e triturados na prática política da falação amoral e interesseira, evidentemente existente. Pior do que não ter papas na língua é chutar o balde da ética e pisar na jaca das boas práticas de governança. Bolsonaro tem crédito que com passar do tempo pode virar débito, principalmente se não controlar sua língua e de seus ministros. Os brasileiros têm pouca paciência com quem se esforça em errar e será muito custoso ao Brasil mais um impeachment. *Carlos Henrique Pellegrini é professor universitário e Diretor de Gestão Empresarial e Sucessão Familiar da Maxirecur Consulting, pellegrini@maxirecur.com.br