A CORTE DOS BOLSONAROS

Os últimos acontecimentos envolvendo a corte do Presidente Jair Bolsonaro me faz lembrar a corte de D. João VI, cognominado oficialmente “O Clemente” e pelas más línguas “O rei bobão” – não é o que penso, mas é o que a história conta. Um dos últimos representantes do absolutismo, D. João VI viveu num período tumultuado e seu reinado nunca conheceu paz duradoura. Até hoje, um dos personagens mais caricatos da história luso-brasileira, sendo acusado de indolência, falta de tino político e constante indecisão, sendo a sua pessoa retratada amiúde como grotesca. Pressionado pelos filhos Pedro e Miguel em tempos diferentes e pela esposa Carlota Joaquina o tempo todo, mudava de rumo e decisão embalado pelo vento, essa é a imagem precisa que o presidente Jair Messias Bolsonaro vem passando aos brasileiros mais atentos. Sempre respondendo prontamente a seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSL- RJ), vem parecendo que quem governa o Brasil é o infante vereador. Segundo o brilhante jornalista Augusto Nunes, “filho de político já é um cargo, não se faz necessário outro”. Os tiros desferidos pelo vereador Carlos Bolsonaro contra naquele momento o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Gustavo Bebiano, despertaram na bancada do PSL um grito de independência em relação aos filhos de Jair Bolsonaro. A declaração de independência é também um recado para o Planalto em relação à reforma da previdenciária e todas as outras que virão. A bancada apóia a reforma, mas não será de qualquer reforma, avisaram. A prova foi à primeira derrota do governo na Câmara quando aprovou projeto que susta os efeitos de um decreto do governo que alterou regras de transparência ampliando a lista de servidores com poder para classificar documentos sigilosos. Jair Bolsonaro nunca poderia ter tratado Bebiano da forma que o fez. Faltou postura, compostura e ética não é assim que se faz uma demissão. Falta de tato, excesso de ouvidos aos filhos está custando ao “mito” parte do apoio que ainda detém. Não é a primeira vez que o Presidente age como um “chefete” despreparado. Para variar, os Generais assumem o controle da crise e como “papais” esbanjam política e senso de sobrevivência. Até quando? Não sei dizer, mas asseguro que imaginava que durasse um pouco mais o noivado com os eleitores, pelo menos até maio, mas não é para menos. Uma coisa é ser um homem simples, outra coisa é ser simplista, o que nunca combinaria com o Presidente da República.