A edição da revista The Economist desta semana publica uma matéria intitulada A new Atlantic alliance (Uma nova aliança atlântica), em que discorre sobre empresas brasileiras terem intensificado suas atividades no continente africano, aonde têm levado centenas de bilhões de dólares de capital e experiência de manejo – com estímulo e benção do governo tupiniquim – principalmente nas áreas de agricultura, mineração e infraestrutura, incluindo casas e obras sanitárias.
A Petrobrás também está lá extraindo petróleo – de onde tira a gasolina, que vende por US$1,27 o litro (ou US$4,80 um galão de 3,785 litros) em seus postos aos paulistas – e o vende por algum valor misterioso aos americanos que conseguem extrair do mesmo óleo uma gasolina de melhor octanagem e vendê-la em seus postos de varejo aos milionários de Palm Beach, na Flórida, a US$0,92 por litro (US$3,50 por galão).
O artigo da Economist – que como a Veja e o resto da mídia, parece não agradar muito aos petistas – também informa que as empresas brasileiras, ao contrário das chinesas, empregam maciçamente trabalhadores locais, os quais compõem de 80% a 90% dos seus quadros.
A China, o país que mais investe na África, de olho nos seus recursos naturais – e não tem nenhum débito escravagista histórico, como é o caso de Lula, o filho do Brasil – prefere, ainda que sob protestos dos africanos, que a sua folha de pagamento seja em mandarim, língua que só empregados chineses estão aptos a entender nos países africanos…
O artigo da revista britânica deixa transparecer que o Brasil não tem mais espaço pra tais empresas atuarem, que já é primeiro-mundo, que o emprego vai bem, e que precisa exportar, com um quê de filantropia, as maravilhas que lá nesse Brasil transbordam!
Ufanista, quase que me convenço, quando me vêm aos olhos os dados do IBGE, que anunciam – num déjà vu de mais de meio século! – que 70% das cidades brasileiras não têm programa de saneamento, a despeito da Lei Nacional de Saneamento Básico sancionada em 2007, e que quase metade delas não fiscaliza nem a qualidade da água que seu povo bebe, que fica dependendo do passarinho lhe contar…
A mãe África foi separada da América do Sul – e o Brasil do seu berço – há mais de 60 milhões de anos, por obra e graça das chamadas placas tectônicas, que resolveram colocar o Atlântico entre os dois continentes.
Há uns 15 milhões de anos, o Homo erectus superou o pithecus e começou a ir além do horizonte africano.
Quando se tornou sapiens o suficiente, há mais ou menos 100 mil anos atrás, começou a ter mais sucesso na missão de crescer e se multiplicar; e os primeiros grandes andarilhos a chegar à América separada hoje têm 50 mil anos de idade, conforme a paleantropologia.
Os marinheiros branquelos e barbudos, com as suas grandes descobertas, chegaram há pouco mais de quinhentos anos.
O Brasil de agora tem, depois da Nigéria, a maior população negra do mundo, graças, basicamente, aos 3,5 milhões de africanos – e africanas! – que importou como escravos entre os séculos XVI e XIX.
Os luso-brasileiros que nunca deixaram a colônia, juntamente com seus patrícios e outros europeus que pra cá vieram, contribuíram intensivamente para a maior – e melhor, que se enfatize! – produção de mulatas que o mundo já viu.
Essas mulheres e seus pares, em cinquenta tons de marrom, são quem fariam parte daquela alegada dívida histórica referida na retórica lulista.
E exatamente esses cidadãos são quem compõem a grande maioria dos brasileiros, relegados a ficar deste lado do Atlântico e forçados a viver ainda na penúria da pós-escravidão do final do século 19 em plena pujança do 21…