Uma pesquisa realizada pelo Instituto Montenegro e pela ONG Ação Educativa revelou que 39% dos estudantes universitários são analfabetos funcionais, conseguem ler um texto, porém não conseguem utilizar o significado ou fazer associações com o que leram, ou seja, não entendem ou não sabem o que leram.
A pesquisa utilizou-se também de situações simples do cotidiano como compras diárias e cálculos de descontos.
Há tempos que o aumento do número de analfabetos funcionais é conhecido, na prática, por professores, coordenadores e diretores do ensino universitário.
É um quadro chocante e estarrecedor para os que labutam na educação por longo tempo, há décadas, pois saltam aos olhos as comparações com outras épocas: o que estamos formando? Que futuro terá a cultura desse país?
As causas são evidentes e estão estampadas principalmente na qualidade da maioria das escolas públicas de ensino médio.
Quando a educação também se torna parte da política populista de vários governos, o resultado é desastroso.
O que dizer da promoção automática na escola pública? O aluno não pode ser reprovado, domine ou não os conhecimentos básicos da série em que está, ao final do ano deverá seguir para a série seguinte. Não há reprovação.
Em resumo, na melhor das hipóteses, confundiu-se o direito de promoção escolar com base no conhecimento e capacidades, com os direitos democráticos gerais, como liberdade, igualdade, etc. Misturaram alhos com bugalhos!
Ao mesmo tempo, o finado ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza do governo Fernando Henrique escancarou definitivamente a porta para a abertura de novas entidades de ensino superior no país, com o pressuposto de que a qualidade selecionaria as escolas, seguiriam as leis do mercado.
Não demorou para surgir uma enxurrada de novas faculdades pelo país, autorizadas com critérios mais frouxos, nessa época, e também muitos empresários abandonaram outros ramos e entraram para a educação, sem a mínima experiência pregressa.
Hoje, a maior parte dos estudantes universitários do Brasil, que pertencem ao ensino privado, estudam em megagrupos educacionais administrados por instituições bancárias ou afins.
O governo nos últimos anos, através do Ministério da Educação (MEC) especialmente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP) tem procurado reverter o caos através fiscalizações frequentes e padronizadas, que classificam as instituições e inclusive determinando o fechamento das que não atendem as exigências mínimas.
Dados não oficiais de 2009-10 mostravam que 50% das vagas das entidades universitárias privadas estavam ociosas. E nos últimos dois anos, estamos presenciando vagas ociosas também em algumas universidades federais.
Alguma coisa está errada!