A era dos direitos garante a todos crer ou não crer. Mas uma das tendências constatadas nos Estados Unidos é o crescimento dos agnósticos. Em Nashville, capital do Tennessee, existe um encontro denominado “Assembleia dos Domingos”, uma espécie de fórum de ateus. Em 2007, eram 15% dos americanos que se diziam não professar religião alguma e não acreditar em nada além da finitude existencial. Já em 2012, são 20% os ateus.
Alguns ateus famosos se pronunciam: Brad Pitt e Mark Zuckerberg, criador do Facebook, por exemplo. Há conferência anual para os não-crentes: Skepticons – encontro dos céticos e “paradas do orgulho ateu”. O cientista P.Z.Myers, da Universidade de Minnesota, escreveu “O ateu feliz”, um best-seller, acrescentando sua contribuição ao crescente número de livros de divulgação do ateísmo.
Isso acontece nos Estados Unidos, nação que surgiu do fervor puritano dos quakers. Seria um paradoxo? Alguns acreditam que a fragilidade do sentimento religioso deriva da própria política. O ateísmo seria uma reação aos anos em que os religiosos perfilharam o lado errado da História: guerras, machismo, homofobia e escravidão. O fanatismo religioso levaria as pessoas mais sensíveis a uma ojeriza à confissão que não hesita em sustentar a exclusão daqueles que não rezam a mesma cartilha. Um contrassenso, pois o Cristianismo prega a igualdade: todos os seres humanos são irmãos de Cristo e filhos de Deus Pai.
Por enquanto, os ianques continuam muito crentes. Foi ali que em 1952 o presidente Harry Truman criou o Dia Nacional de Oração, celebrado até hoje em 1º de maio. Em 1954, acrescentou-se ao juramento à bandeira a expressão “uma nação sob Deus”. Em 1956, na presidência Dwight Eisenhower, acrescentou-se “In God we trust” nas cédulas do dólar.
Terra de contrastes, ali também se desenvolve esse afã ateísta que tenta subtrair os crentes à prática religiosa e à confissão, para que assumam postura crítica e tentem convencer o mundo inteiro de que é melhor não crer. Todavia, a crença é algo invencível. Não é a primeira tentativa, nem será a última. Leio a biografia de Getúlio, de Lira Neto e vejo que o ditador descrente, ao perder seu caçula, exclamou: “Custa-me a crer que a generosidade, a gentileza, a inteligência de Getulinho serão enterradas juntamente com seu corpo!”. É a dúvida que acomete até os mais descrentes dentre os ateus praticantes.