BANDIDOS E BANDIDOS

Não há o que dizer sobre o crime e os criminosos de Brasília. Não é de se
surpreender que a moral e a ética no Brasil estejam de ponta cabeça. Cenas
do cotidiano mostram a curva da inversão dos nossos valores. Políticos,
juízes, policiais, padres, “bispas” no passado esteios da sociedade, são
detidos diariamente. A distinção entre os marginais tradicionais e os que
narraram passa por uma lógica de conveniências, a mesma que Valério, Sarney,
Dirceu, Maluf, Genoíno e outros adotam. Há uns anos atrás, Luciano Huck foi
rechaçado por alguns jornais que o criticavam por ter seu Rolex roubado. Os
jornais insinuavam que era inadmissível alguém “pendurar o equivalente a
várias casas populares no próprio pulso”. Virou moda achar que roubar ricos
é fazer justiça aos pobres. A estapafúrdia tese se encaixa na moldura da
perversão nacional. O vice-presidente da República, Michel Temer, defende
uma Constituinte exclusiva para a reforma tributária. É sempre assim. Para
não resolver um problema, cria-se um maior. Já o ex-presidente Lula continua
a deslizar na insensatez produzindo máximas sem nexo. Na terça feira disse
que a condenação dos “mensaleiros” sempre representará o maior linchamento
político do Brasil”. Bobagem de um falastrão. Respeito à Instituição do
ex-Presidente, mas ninguém merece. A ausência de vergonha na cara se espalha
na esteira do corporativismo. A taxa de moralidade se esvai ante o pedestal
do marketing. Até o clima entra na zona de rebaixamento geral, haja vista a
flagrante devastação das reservas florestais. E os valores do passado, onde
estão? Para despertar o gigante adormecido do porre moral, só mesmo a
indagação, a mobilização dos cidadãos ativos, a pressão das ruas.