BLACK BLOCS PATROCINADOS – PARTE II

Em meu artigo anterior Black Blocs Patrocinados , disse que os Black
Blocs eram patrocinados para tirar o foco das aberrações provocadas pelo
governo da Presidente Dilma. Em recentes reportagens, os jornais divulgaram
fortes indícios de estar certo. Sempre defendi a liberdade de expressão. Não
existe democracia sem pluralismo de idéias, debate livre e discussão aberta.
Mas também não prospera a liberdade no terreno árido da violência e do
vandalismo. Mas se a censura desfigura o rosto da democracia, a violência é
a ditadura das minorias para encurralar a sociedade. O vandalismo dos
mascarados, não obstante seu discurso pretensamente libertário e
confrontador do sistema vigente, é tudo menos democrático. Os mascarados não
representam os brasileiros indignados que ocuparam praças e avenidas em
junho de 2013. É água e vinho. No Rio e em São Paulo grupos de encapuzados
queimaram a Bandeira do Brasil, semearam pânico e destruíram patrimônio
público e privado. Eles não têm a cara do nosso país e da nossa gente. Ao
contrário. Com seu radicalismo antissocial alimentam os delinquentes da
política e fortalecem os ímpetos repressivos. Alguns rábulas de Brasília
vibram com a desqualificação das passeatas. E o coro em defesa da repressão
aos baderneiros aumenta a cada nova arruaça. Em 1964, sob o pretexto de
preservar a democracia ameaçada por um presidente da República manipulado
pelo radicalismo das esquerdas, os militares tomaram o poder. E o que se
anunciava como intervenção transitória, com ânimo de devolver o poder aos
civis, se transformou no pesadelo da ditadura. A imprensa foi amordaçada.
Lideranças foram suprimidas. Muitas injustiças foram cometidas em nome da
democracia. O que se viu no transe da ditadura foi o germinar de duas
tendências opostas: liberdade X autoritarismo. Os democratas partiram para a
luta contra a ditadura, mas sempre apontando para o horizonte de um regime
aberto. Outros partiram para a clandestinidade. Passaram-se muitos anos. A
hipótese de que caminhamos para um projeto antidemocrático não se apóia
apenas na intuição e na experiência da História. Ela está gritando na força
inequívoca dos fatos. Censura e violência são a marca registrada do
autoritarismo. Sempre! É preocupante o horizonte da democracia brasileira.
Um país com imprensa fustigada, oposição esfacelada e acovardada, percepção
crescente de impunidade é tudo menos uma democracia. Cabe-nos resistir, como
no passado, com as armas do profissionalismo, da ética inegociável e da
defesa da liberdade. A democracia pode cambalear, mas sempre prevalece.