Choque de discernimento

O Brasil está precisando de um urgente choque de discernimento. Além das notícias preocupantes da estagflação, estagnação, retrocesso econômico, paralisação e outros fantasmas que pareciam arredados desta ufanista 6ª economia global, os índices da educação conseguem superar as expectativas mais pessimistas.

A inconsistência da escola fundamental fica para outro dia. Hoje pensemos na realidade universitária. Pela primeira vez, em uma década, o número de concluintes das Faculdades caiu. 30% apenas de quem iniciou um curso universitário consegue terminar. O maior problema é a inadimplência. E 40% das vagas nas escolas superiores são sustentadas pelo Prouni. Abatida essa percentagem, a situação é ainda pior.

A maior parte dos portadores de diploma de nível superior ganha até 4 salários mínimos. Ou seja: nem sempre a formação universitária significa ascensão social. A juventude precisaria ser alertada disso.

Fiquemos no ensino do Direito. O Brasil possui mais Faculdades de Direito do que a soma de todas as demais existentes no restante do planeta. A formação anacrônica produziu um demandismo patológico: os tribunais têm mais de 100 milhões de processos em curso. O Ministro Luis Roberto Barroso outro dia afirmou que a oração dos juízes é “livrai-nos de tantas ações…” em lugar do clássico “livrai-nos das tentações“.

O empresário Jorge Gerdau disse num encontro recente que uma das receitas para melhorar o País seria fechar 2/3 das escolas de Direito e substituí-las por escolas de engenharia. Sua explicação: “o engenheiro faz o Brasil ganhar dinheiro; o advogado faz o Brasil perder dinheiro“.

Outra pesquisa comprovou que a Engenharia teve 52% de aumento na disputa de vagas em vestibulares nos últimos anos. Por isso é que a lucidez precisa alertar a juventude: se quiser vencer na vida deve procurar cursos do futuro, não necessariamente universitários. O Brasil precisa de técnicos. De profissionais que alavanquem a produtividade, daqueles que consigam sobreviver fazendo aquilo que gostem.

Até mesmo advogados podem continuar a se formar. Mas terão outro perfil: serão os arquitetos das soluções, não os peticionários da Justiça. Esse o discurso do novo Presidente do STF, ancorado na realidade alarmante de um Judiciário caótico, insustentável, diante de tantas demandas que não precisariam ter sido confiados à sua apreciação.