The days after…

Mal as luzes azuis revestiram o  Empire State Building, indicando a vitória de Barack Obama e de seu Partido Democrata, os gurus do dia seguinte começaram as suas explicações sobre a vitória do presidente e a derrota de seu adversário na eleição presidencial americana…

Como se esperava, pelas intenções reveladas aos pesquisadores, não deu o que se mais temia, porque o medo do retrocesso superou a esperança preguiçosa, e muito mais eleitor – democrata, na maior parte –  compareceu às urnas, via correio ou esperando na fila, honrando o que dissera nas pesquisas .

Agora, sabe-se que, mais do que Obama continuar a sê-lo, Romney não será o  presidente dos americanos – pelo menos, para os próximos quatro anos – e há um sentimento generalizado de alívio no ar entre as pessoas de bom senso.

O cidadão americano ordinário, que teve a paciência de acompanhar as campanhas ao longo dos últimos dezoito meses, se cansou e se frustrou com ambos os candidatos.

Decepcionou-se com Obama – que já trazia o descrédito popular quanto à sua capacidade de resolver os problemas da América – mas se assustou com os infinitos personagens de Mitt Romney, o manga de vento

Com seu palavreado ufanista e xenófobo e postura de messias – bem ao gosto de qualquer eleitor na carestia destes dias – o candidato republicano não conseguiu convencer que não é o apátrida mercenário que sempre procurou o lucro pessoal onde quer que tal benefício estivesse.

A estratégia do milionário – mago calejado da aposta especulativa – de oferecer a solução mágica para os problemas da indústria produtiva, também não colou como esperava.

E, como ele mesmo disse em seu discurso de derrota, “é uma pena que escolheram outro líder, mas a Ann e eu vamos rezar muito pra que tudo dê certo com Obama”…

(Onde irão rezar? No Bountiful Utah Temple, com vista pro Great Salt Lake?)

Donald Trump e seus colegas bilionários devem estar despenteando seus cabelos sintéticos, embora lhes reste o consolo de saber que os bilhões que investiram na campanha do aprendiz ajudaram a energizar a economia, dando mais serviço às agências de propaganda, à televisão, ao rádio, à imprensa escrita, ao serviço postal, aos cabos eleitorais…

De minha parte, acho que a metade boa da América não merece ter um troglodita como seu maior representante – e conseguiu, no sufoco, fazer valer a sua vontade.

Quanto ao Obama – que perdeu as férias de final de mandato, devidas a todo lame duck (*) que se preze – fica a consolação de que um bom governante não tem, necessariamente, que saber nada.

Basta ter carisma junto aos seus concidadãos e bom senso pra escolher – e ouvir! – os seus subordinados especialistas, que abundam neste país.

E, se tiver a sorte do Gastão, aquele primo do Pato Donald, nem precisa de nada disso…

(*) lame duck (pato manco) é o apelido dado ao mandatário que, rejeitado pelo voto, ainda tem que permanecer no cargo até a transferência do cargo ao sucessor.

Neste caso, a cerimônia acontece em 20 de janeiro, no chamado Inauguration Day, quando Obama deverá transferir o cargo ao seu prometido novo eu.