De mal a pior

Quase cem mil baixas nos postos de trabalho no mês de abril. Corte de 70 bilhões no âmbito federal e descontentamento do Ministro saneador porque o ajuste deveria ter sido maior. Novas ações judiciais pretendendo ressarcimento pela desastrosa administração da maior estatal brasileira. Queda de mais de dez bilhões na arrecadação do maior Estado-membro da Federação.

A crise é muito mais séria do que se pretendia supor. Não é “marolinha”, senão um verdadeiro tsunami. Mesmo assim, há quem prossiga a insistir nos pleitos que podem ser legítimos, mas não se mostram viáveis. O Brasil se defronta com gravíssimas questões. Em lugar de se assumir responsabilidade, alertar a população de que estamos a enfrentar o primeiro tempo de um ano terrível, prossegue-se como se tudo andasse às mil maravilhas.

O cálculo é simples e a conta não fecha. Emitir moeda não é solução, mas é agravamento da catástrofe. É urgente cortar na carne, abandonar os projetos delirantes, impor contenção, eliminar funções gratificadas e reduzir cargos em comissão.

O sistema Justiça também precisa se conscientizar de que talvez nunca antes neste país esteve tão periclitante a continuidade da política do crescimento vegetativo. Nem pensar em criação de cargos, em aumento de despesas, quando o orçamento aprovado, já mutilado nas assessorias técnicas, sequer se mostra suficiente para atender às obrigações de cunho alimentar.

Mais do que nunca é preciso criatividade. Fazer mais com menos. Esforçar-se. Sacrificar-se. Reconhecer que a garantia de um salário, ainda que premido por circunstâncias que neste momento não podem ser enfrentadas, é melhor do que o caos que adviria de dispensas, projetos de demissão voluntária, exonerações ou drástica interrupção da prestação do serviço.

Vamos juntos encontrar fórmulas que amenizem situações consideradas insustentáveis, mas que poderão à frente merecer resposta compatível, a depender da recuperação econômica. Esperança, confiança e empenho no trabalho é missão que o momento dramático nos impõe a todos. Sem exceção.