No último dia 7, comemorou-se o Dia do Jornalista. A data foi escolhida para homenagear a João Batista Líbero Badaró assassinado em 22 de novembro de 1830, por desafetos políticos. A revolta popular que se seguiu, passeatas de estudantes em São Paulo e muitas manifestações, piorou ainda mais a situação insustentável de D. Pedro I.
O Imperador abdicou em 7 de abril de 1831, data que passou a ser comemorada como o símbolo do jornalismo de coragem liderado por Líbero Badaró (agoravale.com.br).
O jornalismo sério e de coragem no Brasil foi e continua sendo a nossa grande salvação. Esteve presente em cada momento de nossa história, em todas as crises político-sociais sempre teve uma participação decisiva e fundamental. Talvez por isso seja considerado como o Quarto Poder, mas deveria ser o primeiro.
Onde não existe liberdade não há jornalismo; por isso que só sobrevive nas democracias e está ameaçado nas semi-democracias!
Infelizmente vemos hoje a perseguição sistemática que o governo pseudo-democrático argentino faz à imprensa, especialmente ao Clarin, dificultando-lhe até a compra de papel, quase se equiparando à nefasta ditatura militar, que dilacerou esse país nas décadas de 70 e 80.
Evidentemente que como em qualquer atividade humana existem bons e maus profissionais, e boas e más empresas.
Mas quando se fala em Dia do Jornalista, vem-nos à mente os Líberos Badarós, que sem dúvida sempre foram e continuam a grande maioria.
Quem viveu no tempo da Ditadura Militar, deve se lembrar dos versos de Os Lusíadas de Luís de Camões espalhados pelas matérias do O Estado de São Paulo, para preencher os trechos censurados pela intelligentsia do governo de então.
A corrupção não se sente muito à vontade com a liberdade de imprensa. O jornalista atrapalha, incomoda e muitas vezes impede o curso normal das negociatas.
No último dia 2, uol.com.br divulgou que uma série de reportagens de Luis Nassif foram tiradas do ar pelo Google.
“A súbita remoção do conteúdo aconteceu dias depois de o jornalista ter publicado uma matéria em seu blog em que denunciava relações entre o editor-chefe da Veja Policarpo Júnior e o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Nas ligações trocadas entre os dois, Policarpo teria antecipado informações da publicação ao contraventor. A partir dos “grampos” foi possível identificar que ele poderia “montar” matérias em parceria com a revista”.
Por outro lado Luis Nassif escreveu em seu blog: “O maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico”.
Onde destaca o mercantilismo da notícia, a função do lobista e a venda de informações ou “dossiês” privilegiados.
Enquanto isso, o estadão.com publicou matéria, assinada por Gabriel Manzano, a qual relata que o governo brasileiro rejeitou uma resolução das Nações Unidas por mais segurança aos profissionais de imprensa.
Além do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e o International News Safety Institute (Insi) manifestaram-se negativamente ao veto do Brasil, que só foi acompanhado por Cuba, Venezuela, Índia e Paquistão.
O jornalista poderia ser comparado ao médico, só lembramos do seu valor quando precisamos dele. Agora, com a abertura da nova temporada de escândalos no Congresso Nacional, o povo brasileiro dependerá, mais uma vez, integralmente dele para saber o que realmente acontece ou aconteceu nos bastidores, e com isso aprimorar sua consciência política.