Não somos um exemplo de povo que cultiva o passado e reverencia a memória. O imediatismo do mercado pensa sempre à frente. É lá que está o lucro, a mais genuína aspiração de todos os incluídos numa sociedade de consumo.
Nossos mortos só morrem de verdade quando nos esquecemos deles. Esse pensamento era constantemente realçado nas discussões da Academia Paulista de Letras por Maria de Lourdes Teixeira, a primeira mulher eleita para frequentar o cenáculo dos imortais bandeirantes. Enquanto houver alguém com saudades, todos aqueles chamados à eternidade ainda ocuparão espaço entre os viventes. Transitórios todos, pois o encontro definitivo é a única certeza.
Tais reflexões vieram a propósito de uma data pouco lembrada no ano passado. Dia 6 de novembro de 1964, a Nunciatura Apostólica anunciava à população de São Paulo que Sua Santidade o Papa Paulo VI havia transferido para a sé metropolitana da capital o Arcebispo de Ribeirão Preto, Dom Agnelo Rossi.
Foi ele o quarto arcebispo da História da Arquidiocese, em substituição ao Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota.
Dom Agnelo Rossi nasceu em Joaquim Egídio, Campinas, em 4 de maio de 1913 e morreu em Helvetia, Indaiatuba, em 21 de maio de 1995. Seus pais eram Vitoria Colombo Rossi e Vincenzo Rossi, moradores na Vila Arens, em Jundiaí. Os primeiros estudos do Cardeal foram em Valinhos, depois no Seminário Diocesano Santa Maria de Campinas e cursou Teologia na Universidade Gregoriana de Roma. Ali foi seu aluno de matrícula nº 1, do recém-criado Colégio Pio-Brasileiro. Em Roma foi ordenado sacerdote em 27 de março de 1937.
Foi secretário do Bispo D. Francisco de Campos Barreto e, com o Monsenhor Emilio José Salim, devotou-se à educação universitária. Foi o primeiro Vice-Reitor da PUC-Campinas e quando Cardeal em Roma, obteve para ela o título de Pontifícia.
Bispo de Barra do Piraí e Volta Redonda, Arcebispo de Ribeirão Preto, tornou-se Cardeal em 25 de janeiro de 1965. Foi um dos brasileiros mais prestigiados na Santa-Sé, continuamente mencionado como candidato a Papa. Continuou, até o final de sua existência, um fidelíssimo seguidor do paradigma Jesus Cristo.