É possível otimizar

O índice de credibilidade na Justiça Brasileira não é dos melhores. Na última pesquisa levada a efeito pela FGV, ela obteve 33%, muito abaixo da média. Está à frente da política e dos partidos. Mas isso também não é mérito.
A única instituição bem avaliada, logo após as Forças Armadas e a Igreja Católica, é o Ministério Público. Instituição bem fortalecida pelo constituinte de 1988 e que não tem o ônus de decidir. Acionar, recorrer, escolher seletivamente o que interessa é sempre menos arriscado.

Seja como for, o interesse na obtenção de uma Justiça melhor – mais eficiente – é o de todos os brasileiros. O descalabro de algumas situações deriva do desconhecimento e do desinteresse do brasileiro comum quanto à sua Justiça. Ele paga o Judiciário. Mas acha que os assuntos da Justiça pertencem aos juízes. O universo hermético faz com que as reformas atendam a interesses localizados e as mudanças reais não são feitas.

O que falta ao Judiciário é gestão. Ninguém ainda dispõe de um padrão de trabalho. Qual seria o cartório ideal? Qual a produtividade ótima?

Enquanto não se investir nisso, a resposta será a simplista receita utilizada até o momento: precisamos de mais juízes, de mais funcionários, de mais orçamento. Tendência contraditória se levada em conta a opção pelo processo eletrônico. As empresas que se informatizaram reduziram o pessoal. Vide os bancos, por exemplo. O essencial é um funcionário categorizado, superqualificado, que possa ganhar mais, fazer carreira e ficar satisfeito com o seu trabalho.

 

Nessa linha, os cursos a serem oferecidos aos servidores pela futura “Escola do Servidor”, do TJSP, junto à Escola Paulista da Magistratura, precisam pensar em temas como “Sincronismo organizacional: como alinhar a estratégia, os processos e as pessoas nas organizações”, ou “Como as métricas e indicadores de performance do capital humano podem contribuir para a melhoria da qualidade organizacional, inovação e produtividade”.

Precisamos de formação em liderança, gestão de pessoas, motivação, avaliação de desempenho, busca de excelência. Se conseguirmos despertar o interesse de alguns chefes para se tornarem efetivamente líderes, em breve a Justiça será outra. E quem ganhará será o povo. Isso é o que interessa.