E chegou 2017. Percebe-se uma mistura incoerente de revolta quanto a 2016 e doce ilusão quanto a 2017. Como os governos permitiram que ocorresse uma crise política, econômica e social tão grave? Como governantes, eleitos democraticamente e tão bem pagos deixaram o Brasil ir a bancarrota? Por que os cientistas políticos e economistas não previram e evitaram este cataclismo, essa crise? Ao mesmo tempo a ilusão que o Brasil sairá da crise de forma ilesa. A teoria por trás é que o futuro depende das expectativas atuais e principalmente de otimismo. Se todo mundo acreditasse num futuro melhor, continuasse consumindo e investindo, não haveria mais recessão e crise. No linguajar econômico: as expectativas são autorrealizáveis, mantidos o consumo e o investimento, haveria demanda, vendas, produção e emprego (nesta ordem). Infelizmente, a realidade é mais dura que essa. É verdade que as expectativas fazem parte integrante do arcabouço econômico e uma piora substancial da perspectiva futura afeta a realidade econômica. Melhorando as expectativas, melhora-se o cenário, pelo menos temporariamente. Há fatores concretos que vão afetar a vida dos indivíduos e empresas no Brasil em 2017, independentemente do humor coletivo. A recessão mundial e a retração do crédito internacional são uma realidade. O efeito Trump deverá promover medidas internas nos Estados Unidos da América do Norte, que ampliarão os juros em países encrencados como o nosso, assim como o dólar provavelmente será valorizado. Há menos demanda pelos produtos brasileiros no mundo. A taxa de câmbio no Brasil está se ajustando a esta nova realidade. Tecnicamente não escrevo com pessimismo, e sim com pragmatismo. Há falta de capital no mercado financeiro internacional, que comprime o crédito externo, proporcionando perda de riquezas e queda de produção ao redor do mundo. Mesmo ainda com a severidade desse final de crise, as expectativas para 2017 de crescimento do PIB em até 1,2% são reais, desde que o governo se preocupe em desonerar o capital, desinchar a máquina pública, deixar um pouco a campanha presidencial de lado e cumprir as metas fiscais, diminuir drasticamente os gastos públicos, incentivar as exportações, reduzir a taxa de juros sempre de olho na inflação. Desejo a todos feliz 2017! * Carlos Henrique Pellegrini é professor universitário e Diretor de Gestão Empresarial e Sucessão Familiar da Maxirecur Consulting, pellegrini@maxirecur.com.br , visitem www.maxirecur.com.br