FIM MELANCÓLICO

A presidente Dilma Rousseff mentiu descaradamente aos eleitores em 2014;
afundou as contas públicas, a economia privada e grandes estatais; fez
disparar o desemprego; furou os tetos a respeitar e os pisos a não transpor.
Transformou o Palácio em pavilhão de comício e comitê central de seu
partido. A marca do verdadeiro estadista reside na criação do fato novo
irreversível, aquele divisor de água que impõe o antes e o depois no curso
dos acontecimentos. Fato novo foi o Plano de Metas de JK, a recuperação do
Estado da Guanabara por Carlos Lacerda, o Plano Real de FHC, o Bolsa Família
de Lula. Atualmente, qual o fato novo que marcou a política brasileira em
“antes” e “depois”? Num tremendo erro de perspectiva, até cientistas
políticos associam a conduta de Dilma à desmoralização do Congresso
Nacional, a crise política e principalmente a depressão econômica. Na
verdade, o quebra-quebra de Brasília se inscreve no método da chamada ação
direta e ditatorial implantada por sindicalistas franceses em 1900 e logo
adotada pelo comunismo e pelo fascismo. Em mais uma de suas confusões, citou
a pouco a Inconfidência Mineira, e tal intentona passou para à história
como um momento de grande heroísmo patriótico contra a Coroa Portuguesa. A
Sra. Dilma Rousseff evidentemente se reconhece na guerrilha brasileira dos
anos 60-70 – sua foto de campanha em 2014, a do “coração valente”, remete à
sua participação na luta armada. Não duvido que Dilma e Lula seriam capazes
de dar ótimas explicações para todo o dinheiro “expropriado” do estado e das
empreiteiras. Por isso mesmo acho estranho que ela compare a corrupção
petista à Inconfidência Mineira, e mesmo à guerrilha. Essa última, se teve
erros políticos catastróficos, nunca perdeu a dignidade idealista, não se
misturando aos ladrões da quadrilha que nos governa. Outra pérola é questão
da delação premiada, que tanto vem criticando, ao contrário da tortura no
tempo da ditadura, é uma prática juridicamente reconhecida – absurdo, pois
foi lei sancionada pela própria Dilma, em 2013. A presidente está abusando
de seu direito à confusão conceitual e irá acabar pagando pela
“flexibilidade” de Lula no trato com a coisa pública. Dilma não poderia ter
um fim tão melancólico, poderia ter tido respeito próprio e renunciado a
Presidência. Ainda há tempo.