Senador vem da latina senior, que significa mais velho. Não conota idade
provecta, mas condição respeitável. Os mais velhos mereciam respeito nas
tribos primitivas por causa da sua experiência, o que os tornava capazes de
aconselhar os mais jovens – seu dever era evitar que as gerações
inexperientes respeitassem os erros deles. O Senado romano reunia os
patrocínios mais respeitáveis para conduzir os negócios republicanos, ou
seja, da coisa pública. Nas democracias de poder tripartite e representação
bicameral, como pretende ser a nossa, os senadores são representantes das
unidades federativas, os Estados. Misturam-se, no modelo imitado do sistema
bicameral adotado pelos países fundadores da revolução Americana, o mando
romano e a estirpe nobre dos barões britânicos. Pode-se argumentar que, já
entre os romanos, nem sempre a respeitabilidade era sinônimo de
superioridade, como o demonstram conspirações, caso da que terminou por
abater Júlio César sob a estátua de Pompeu, á entrada do edifício onde se
reuniam os senadores, freqüentando por serpentes afiadoras de punhais. E que
o sangue azul dos lordes ingleses não garante sua nobreza de atitudes, não
sendo a Câmara de Lordes, assim como o Senado americano, um convento
habilitado por freirinhas virtuosas. Isso não quer dizer, contudo, que a
lenda segundo a qual não existe pecado no lado de baixo da linha do Equador,
corrente desde a Renascença, permita um acréscimo de letras capaz de
transformar o que não é convento num conventículo, sinônimo pouco empregado
de prostíbulo. A imagem é pesada demais, é certo, mas a verdade é que, os
senadores no Brasil contemporâneo têm abusado demais da paciência dos
cidadãos que lhes sustentam os luxos e caprichos sem receber em troca o
exemplo de decência e austeridade que de todos eles é lícito esperar.
Fisiologistas e covardes habitam nossa política, e também não é diferente no
Senado, ocorre que depois de referendarem o afastamento da Presidente Dilma
Rousseff, há de se considerar tudo que foi investigado e provado nas esferas
e nas instituições indicadas de nossa democracia, para promover a saída
definitiva da mandatária da presidência da república. Uma coisa de cada vez,
mas a partir do afastamento de Dilma o Senado se transforma em Tribunal do
Juri, com foco nos crimes que a presidente é acusada. Em até 180 dias,
esperamos agilidade, justiça e precisão, passando a limpo essa terrível
etapa de nossa história.