O gigante que não cresceu

Enquanto o resto do mundo dito civilizado se ocupa da viabilidade da destruição do “Estado Islâmico” e do referendo de 18 de setembro. que avaliará a opinião escocesa sobre sua própria independência do Reino Unido, o Brasil segue incólume na exibição do que o seu povo demonstramos mais gostar: o faz de conta.

A ilusão e a explosão da emoção realizada e feliz na gargalhada indiscreta, e da frustrada no choro incontido…

O brasileiro típico é brincalhão e é chorão. À menor chance, ele brinca e ele chora – e tal contradição se revela fácil e natural.

Desde o primeiro instante em que a cultura reinante começa a influenciar a nossa formação como cidadão, temos essa sina triste disfarçada de alegre.

Brincamos de estudar, depois choramos “sobre a nota derramada”…

Brincamos com o trabalho, brincamos com os sentimentos alheios, com as normas sociais, com o destino que queremos e as escolhas mais difíceis.

Consertamos os erros depois, chorando…

A igualdade fictícia e fugaz permitida pela democracia tupiniquim – que só emerge de fato nos dias de eleição – é o maior sintoma da brasilidade patológica que nos infecta a todos.

O candidato a operador de marionete, fantoche ou mamulengo – na caça do seu voto nivelado – orientado pelo melhor ou pior marqueteiro, dependendo do capital de origem duvidosa disponível, só tem restrição na teoria tardia e inócua da lei.

E, assim, corre solto e criativo sob o radar, mas é captado pela audiência que interessa, a qual retribui com crescimento nas pesquisas de intenção de voto na razão direta da quantidade de “chute no saco” entre os que contendem.

O que se vê, no grande espetáculo eleitoral do Brasil, é que, nem sendo sua participação obrigatória – ou talvez por isso mesmo! – o brasileiro consegue ser sério.

Azar desse nosso grande país, que, de tão alegre – e de tão espertalhão! – não consegue parar de ser bobo…