DILMA NÃO DEIXARÁ SAUDADES

Os trabalhadores no final da década de 1970 viviam um dos momentos mais
intensos da história da república; a luta pelo fim da ditadura e por
melhores salários, onde um Lula heróico, descabelado e firme nos arrepiava
em seus palanques. Dizem que brasileiros têm horror ao horror. Não creio,
porém para tornar o candidato Lula mais palatável as urnas em sua primeira
eleição ajustaram sua imagem. Devidamente repaginado, passou a trajar
ternos chiques, barba impecável e parou de cuspir ao falar. Nas eleições de
2010 também mudaram a imagem de Dilma para que não parecesse intransigente,
centralizadora, nervosa e indelicada. Não acho que fosse necessário. O caso
de Margareth Tchatcher na Inglaterra também é emblemático. Foi eleita e
reeleita primeira-ministra várias vezes pela sua imagem de dura na queda.
Era conhecida pelo povo como Dama de Ferro. Personalidade forte é qualidade,
desde que autêntica, e em Dilma é. A chanceler da Alemanha Angela Merkel é
assim e no passado Jânio Quadros foi assim. Até mesmo Winston Churchill
chegou ao centro do palco no Reino Unido por ser assim. E isso numa época em
que ainda não existia o marketing político. A personalidade de Dilma não é o
problema. Problema é a presidente descolar da imagem de Lula. Nesses quase
quatro anos de mandato nada produziu. Precisamos entender o real problema.
Quando votamos em Dilma, votamos em um projeto de poder de vinte anos
declarados pelo partidão. Dilma nunca conseguiu mostrar por que foi eleita.
Deveria ter resolvido questões que corroem as estruturas do Brasil. Bases
macroeconômicas contaminadas com o financiamento do poder vermelho, a
insegurança pública ampliando-se a cada dia, o empresariado descontente com
a falta de políticas, a educação cambaleante, política externa atrapalhada
que exclui o País dos mercados comuns. Desde de sua posse coloquei Dilma em
minhas orações… “Deus dê saúde e firmeza para que Dilma possa produzir
quatro anos maravilhosos compensando o caos do segundo mandato de Lula”, e
deu no que deu”. A quadrilha montada suplantou a presidente Dilma. A
candidata a reeleição passa em média 70% do tempo tentando justificar a
roubalheira dos companheiros da base aliada. Lamento que o projeto de poder
vermelho tenha cedido a trágicas coligações que mancham a história de quem
dentre outras capitaneou a reconquista da democracia. Achei que
democraticamente poderíamos nos livrar de canalhas e bandidos, não estava
errado, agora nas urnas poderemos. Ainda acho que a democracia é o melhor
dos caminhos, mesmo sendo o mais longo. Vamos torcer para que “a luta
continue” em 2015, sem a interferência dos crápulas. Dilma deve virar
passado e lamentavelmente não terá lugar de destaque na galeria dos
presidentes que fizeram a mudança positiva.