Rótulos são traiçoeiros. A presidente Dilma passa por
“progressista” convicta aos olhos de todo o mundo, mas, se existe uma
política conservadora, que não quer mudar nada, é Dilma. Tanto que não mudou
nada até agora. A contradição entre realidade e aparência faz de Dilma uma
simpática farsante. Conservador é o político que faz de tudo para conservar
a sociedade no estado secular de atraso em que ele vegeta. É o político que
se empenha ao máximo em conservar o poder uma vez conquistado, trocando o
projeto de nação pela estratégia da manutenção no poder por tempo
indeterminado. Neste segundo sentido, o PT é o partido mais conservador da
República. Nas políticas conservadoras tradicionais o clientelismo é a peça
central na montagem de estratégia eleitoreira. Consiste na troca de favores
entre o político e o eleitor. O candidato a vereador, deputado, governador,
presidente da república, etc., simulando generosidade, oferece ao eleitor
pobre uma cadeira de rodas, um emprego, uma dentadura, e em troca o
beneficiado lhe dá o voto. Aqui, força é reconhecer que Dilma inovou com
brilhantismo, mostrando uma criatividade exuberante. Onde já se viu comprar
um voto com uma dentadura ou um par de tênis? A principal moeda de barganha
da corrente progressista dominante é hoje o Bolsa Família. Pesquisa efetuada
pelo Instituto Ipsos Public Affairs, atesta que 56% dos cidadãos que avaliam
o governo como ótimo ou bom já receberam benefícios do programa Bolsa
Família ou conhecem alguém que o faz. Dilma aceitou e conservou passivamente
o legado da política de Lula, verdadeiramente cópia fiel e irrestrita de seu
mentor. Onde Dilma fracassa redondamente como líder progressista e confirma
seu feitio francamente conservador, de quem não quer mudar nada, está na
circunstância de que Dilma não criou, não foi capaz de gerar um fato novo. A
marca do verdadeiro estadista reside na criação do fato novo irreversível,
aquele divisor de água que impõe o antes e o depois no curso dos
acontecimentos. Fato novo foi o Plano de Metas de JK, a recuperação do
Estado da Guanabara por Carlos Lacerda, o Plano Real de FHC, o Bolsa Família
de Lula. Qual o fato novo devido a Dilma que marcou a política brasileira em
“antes” e “depois” dela? Num tremendo erro de perspectiva, até cientistas
políticos famosos associam a conduta de Dilma à desmoralização do Congresso.
Na verdade, o quebra-quebra de Brasília se inscreve no método da chamada
ação direta e ditatorial implantada por sindicalistas franceses em 1900 e
logo adotada pelo comunismo e pelo fascismo. Dilma piorou o que Lula e FHC
construiu. As pesquisas indicam que Dilma nos dará adeus em outubro, nos
deixando um legado de recessão e muito trabalho pela frente.
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