Nesse 4 de julho os Estados Unidos celebraram o seu ducentésimo trigésimo sétimo ano do seu nascimento como nação independente.
Com a Declaração de Independência, rascunhada por Thomas Jefferson e editada e promulgada pelo Congresso das colônias unidas em 1776, os revolucionários – aqui chamados de founding fathers – informavam ao rei da Inglaterra (George III) que estavam deixando de ser sócios do clube imperial inglês e que passariam, a partir dali, a perseguir a própria felicidade, eis que tinham direito á vida e á liberdade para fazê-lo.
Hoje o mundo seria irreconhecível para aqueles fundadores, mas, com drama, heroismo e romantismo bem menos explícitos, a perseguição daquela tal felicidade continua, embora se atrele, mais do que nunca, às normas, lições e contradições das leis da economia que os tempos modernos inventaram…
O Tio Sam tem sido considerado por muitos como o maior imperialista de todos.
Contudo, herói ou bandido, seu bem-estar nunca foi tão desejado por tantos!
Nestes tempos, como sócios pagantes e vitalícios do clube planeta Terra, rebelar-se e declarar independência não faz mais o mesmo sentido, apesar da retórica ufanista nos discursos populistas …
Os americanos, aproveitando-se da inércia dos seus politicos e da distração destes
com escândalos de espionagem nas aerovias de duas mãos da Internet – onde avião presidencial boliviano não encontra céu de brigadeiro nem na pátria-mãe espanhola! – têm feito a sua micro revolução personalizada:
– Quanto ao desemprego, o índice caiu para 7.6%, com novas 195.000 contratações em junho, e dá sinais de que vai se manter em níveis decrescentes por tempo indeterminado;
– O crescimento do PIB tem se estabilizado em torno de 2% ao ano – apesar dos enormes cortes na área governamental – graças à volta da confiança no consumo interno e, principalmente, à incrementação da exportação alavancada pelo dólar relativamente enfraquecido;
– O mercado imobiliário – grande carrasco da crise! – passada a tempestade dos arrestos (forclosures), tem conseguido reagir à ligação direta entre o preço (baixo) do imóvel e os juros reais (negativos) da hipoteca. Com isso, a relação minha casa versus minha vida mostra estar num estágio de maior compatibilidade.
A presença do (bom) governo entre os cidadãos ainda é consenso entre a maioria dos americanos, corroborando o que já dizia Aristóteles a respeito da virtude humana: “nossa habilidade de alcançar a nossa total capacidade humana não depende do nosso individualismo heróico, mas de conseguirmos nos juntar em um governo”…
Afinal, como disse Nancy Koehn, professora na Harvard Business School, no Festival de Idéias de Aspen: “Nós precisamos de músculos de coragem moral. Precisamos encontrá-los, flexioná-los, ajudar os outros a reconhecê-los e achá-los dentro de si. Nada mais se precisa!
E comemorar a independência – assim como o Halloween e o Thanksgiving – pode ser bom, mas serve mais pra distrair as crianças e atrapalhar o sono dos ranzinzas…