O Judiciário é também destinatário do comando posto pelo constituinte no pacto federativo de 1988: edificar uma Pátria justa, fraterna e solidária. Ao solucionar conflitos, a Justiça contribui para essa construção. Sem harmonia é difícil crescer, embora a adversidade seja o campo mais propício ao verdadeiro crescimento: aquele amadurecimento interior. Mas para atingir o patamar desejável, o Judiciário precisa ser menos burocrático e ousar em inovação.
Por que a tarefa de resolver problemas precisa ser tão complicada? Será que todas as questões submetidas à Justiça precisam do ritualismo que a converte numa cena kafkiana e imprevisível?
Inovar não reclama, necessariamente, grandes investimentos. O cérebro funciona sem injeções ou chips. Toda e qualquer pessoa pode contribuir para um projeto inovador. Juiz, funcionário, advogado, estudante, pensador ou cidadão interessado em aperfeiçoar as instituições tem condições de oferecer sugestões válidas.
Se existe um setor à cata de inovações para também atender a outro princípio constitucional imprescindível à Democracia – a eficiência – é a Justiça. A inovação aplicada é uma das maneiras mais seguras de garantir que o principal desafio do Judiciário – vencer a morosidade crônica – será transposto. Há um apetite por inovação entre os mais jovens. Estes já navegam com desenvoltura pela web e pelo ambiente informático, eletrônico ou cibernético. Por que não avançar nessa área irreversível das Tecnologias de Informação e de Comunicação?
A inovação é alavanca poderosa para o enfrentamento das complexidades de um mundo em profunda mutação. Esse o compromisso a ser focado pelos responsáveis por políticas públicas no ambiente Justiça, em lugar de pregar mais do mesmo: mais juízes, mais funcionários, mais estruturas.
Fazer mais com menos, fazer melhor o que já se faz bem, corrigir equívocos e simplificar – palavra mágica esta! Simplificar, porque a vida já é muito difícil para continuar a ser complicada.
Quem procura a Justiça está em busca de uma resposta compreensível para um problema real. Não interessa ao destinatário das decisões um tratado bem elaborado, prenhe de citações doutrinárias e jurisprudenciais. Ele quer solução. Ele quer resultado. É nisso que se tem de investir neste século XXI.