INVESTIMENTOS PRIORITÁRIOS

Em todas as profissões, quando se tem um problema a ser resolvido ou um projeto a ser alcançado, a primeira iniciativa deve ser a de detectá-lo; projetá-lo para, em seguida, adotar as medidas necessárias para corrigi-lo ou conseguir o alcance dos objetivos e, se não possível de imediato, estabelecer um plano de ações necessárias.

No Brasil, temos problemas sobejamente identificados por todas as Autoridades do passado e do presente, por toda a sociedade e não fomos capazes de definir e executar planos de ações para, ao longo de um período, superá-los.

São problemas que guardam proporções de interdependências e complementariedades.

Temos os sérios problemas da educação; do grande contingente populacional que vive com renda abaixo do limite de pobreza absoluta; do baixo nível de saneamento básico no país; da deficiente infraestrutura, além, entre muitos outros problemas; do baixo nível de produtividade de mão de obra, que reduz o poder de competividade dos nossos manufaturados no comércio internacional.

Todas essas questões são fundamentais para o País e precisam de ações planejadas e contínuas, de forma, ininterrupta, quando da alternância de governo, ao longo de anos para termos, como resultado, o melhoramento da qualidade e do padrão de vida.

A base principal necessária de que precisamos para a geração de renda e capacidade de investimento do Setor Público, é o desenvolvimento econômico sustentável, qual seja, um crescimento econômico sustentável, sempre maior que o crescimento populacional.

É exatamente nesse ponto que temos um estrangulamento em nossa capacidade de investimento.

O FMI – Fundo Monetário Internacional publicou dados do crescimento mundial, a partir do ano 2.000, em percentual:

Crescimento Mundial 2.000/2.007 2.008/2.019 2.020 2.021 2.022
-Economias avançadas 2,6 1,4 -4,5 5,2 3,3
-Economias emergentes 6,5 4,9 -2,0 6,8 3,8
-América Latina e Caribe 3,5 1,8 -7,0 6,8 2,5
-Brasil 3,6 1,6 -3,9 4,6 0,8

Como se pode observar, o desempenho do Brasil ficou muito aquém do desejável, para um crescimento populacional, no mesmo período, pelo menos duas vezes maior que, inexoravelmente, aumentou também duas vezes mais a demanda por todos os bens e serviços públicos acima mencionados.

Enquanto durar essa penúria na capacidade de investimentos internos, por falta de recursos, só temos uma oportunidade – atrair a poupança externa para efetuar esses investimentos estruturais para que possamos avançar em nosso desenvolvimento econômico, gerar empregos e renda de melhores níveis e capacidade de consumo.

Como estamos, o Brasil não consegue crescer sustentavelmente e, como não é possível implementar ações em todas as frentes para melhorar o País, precisamos avançar em questões importantes, como a Reforma Política, com a redução dos partidos, de maneira a reduzir custos e otimizar processos no Legislativo; a Reforma Tributária com a significativa redução ou até supressão dos impostos indiretos ( regressivos – injustos) e aumento dos impostos diretos (progressivos – justos), dando passos iniciais para melhor distribuição da renda e muitas outras ações já abordadas em outros artigos.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia no Unianchieta,
Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresa.