OS DESAFIOS PARA O COMBATE À INFLAÇÃO

Em 1944, já com o prenúncio do término da Segunda Grande Guerra, o desafio mundial, em primeiro, foi o de como restabelecer o organismo econômico mundial e a confiança entre as nações para que as assimetrias em recursos naturais e construídas, entre elas, pudessem ser complementadas ou supridas como parceiros comerciais e, assim, reciprocamente e sucessivamente, materializando os fundamentos do comércio internacional, de interdependência e complementariedade. Um grande desafio, ainda em meio ao término de um conflito mundial.

Foi com esse sentimento que cerca de noventa e cinco países, em Bretton Woods – USA, fundaram o FMI – Fundo Monetário Internacional, com dois grandes objetivos principais, estimular o comércio mundial e garantir a liquidez internacional.

O meio encontrado foi o do suporte no “padrão ouro”, com duas âncoras: o dólar e a libra esterlina, duas moedas conversíveis em ouro, ou seja, que tinham “lastro ouro”, uma pelo Fort Knox Americano e outra pelo Banco da Inglaterra em Londres, respectivamente.

Os países membros que aportaram capital no FMI – Fundo Monetário Internacional, poderiam sacar até 125% das suas cotas de capital; 25% por ano, para cobrir déficits em seus balanços de pagamentos – “direito de saque”. Dessa forma o comércio foi estimulado, a liquidez internacional foi garantida e o mundo iniciou um novo ciclo de recuperação econômica, empregos e prosperidade.

Em 1964, o Banco da Inglaterra declarou a libra esterlina como moeda “fiduciária”, portanto, seu lastro-ouro, quer dizer, a libra não mais seria convertida em ouro. O FMI – Fundo Monetário Internacional perdeu uma perna.

Em 15 de agosto de 1971, o Presidente Americano, Richard Nixon, declarou a inconversibilidade do dólar, qual seja, o Fort Knox, não mais dispunha de quantidades de ouro equivalentes aos dólares no mercado mundial. Também o dólar se tornou, como todas as atuais moedas do mundo, fiduciária. O FMI – Fundo Monetário Internacional perdeu a segunda perna.

Restou somente o ouro e manter o ouro em reserva junto ao FMI – Fundo Monetário Internacional , como capital, com valor fixo, sendo que o valor

de mercado do ouro já estava bem superior, provocou grande pressão de saque no Órgão e só restou ao FMI – Fundo Monetário Internacional criar, como capital, uma “moeda escritural”, como são hoje as criptomoedas – os “Des-Direitos Especiais de Saque”, cujo valor derivou do peso ponderado das dezesseis moedas mais valorizadas do mundo, chamado de Acordo Smithsoniano ou acordo da serpente.

A realidade é que o FMI – Fundo Monetário Internacional está aí muito bem e forte, exercendo importante papel do cenário econômico mundial, financiando países endividados.

Em toda essa trajetória narrada, durante períodos intercadentes , os países experimentaram períodos de inflação mais elevadas ou menores e, em todo o tempo prevaleceu a utilização de uma política monetária, como meio para se combater a inflação. A ortodoxia é a mesma em todo o mundo. O remédio amargo é o mesmo, qual seja, aumentar os juros, encarecendo o crédito para reduzir a demanda agregada, seja para consumo ou investimentos, frente a oferta agregada e derrubar a inflação e assim, tendem a ficar prejudicadas, o crescimento econômico e os empregos, pelo menos, temporariamente, nos países.

Daqui para frente, o desafio é como combater a inflação com a atuação global das criptomoedas operando, em nuvens, em tempo real ?

Messias Mercadante de Castro é professor de economia no Unianchieta, Membro do Conselho de Administração da DAE S/A e Consultor de Empresa.