LIÇÕES DO PETROLÃO

O caso Petrobras, investigado pela operação “Lava a Jato” da
Polícia Federal vem provando que pelo menos uma das leis de Morphy é
verdadeira. “Quando algo parece que é muito ruim e já chegou ao seu máximo,
ainda pode piorar muito”. Não se tem idéia de quando chegará o fim das
investigações. Nesse momento são 12 presos em regime de “Delação Premiada” e
no mínimo 60 políticos envolvidos. Dentre os presos na carceragem da Polícia
Federal em Curitiba desde 14 de novembro, o presidente da empreiteira UTC,
Ricardo Pessoa, afirmou em anotações à mão que as irregularidades na
Diretoria de Abastecimento da Petrobrás – da qual foi titular o ex-diretor
Paulo Roberto Costa, delator do esquema alvo da Operação Lava Jato – são
“fichinha” se levadas em conta outras áreas da estatal. O executivo,
apontado como coordenador do cartel que atuou em contratos da petrolífera,
também escreveu sobre as doações das empresas à campanha à reeleição da
presidente Dilma Rousseff, o que pode levar a um processo de cassação. O
caso toma proporções nunca vistas na história da República Brasileira e há
quem diga na história mundial. Dentre os desdobramentos possíveis; processo
de cassação da presidente Dilma, parlamentares cassados e presos, as
principais empreiteiras do Brasil sem crédito e não podendo participar dos
projetos nacionais, que as levarão a sérios problemas financeiros e prejuízo
aos cofres públicos calculado inicialmente em até 70 bilhões. O governo
brasileiro poderá enviar uma forte mensagem neste segundo mandato da
presidente Dilma se transformar a Petrobrás num “exemplo de transparência e
não tolerância com a corrupção. Países como a Dinamarca, Nova Zelândia e
Finlândia estabeleceram um amplo consenso que integridade e responsabilidade
são fatores críticos para o sucesso de seus sistemas de governança. Isso não
evita totalmente a corrupção, mas garante uma forma de detectá-la e punir
uma vez que ocorra. É triste ver que na América Latina, as instituições que
lidam de forma mais direta com a vida democrática, tendem a gozar da mais
baixa confiança e tendem a ser vistos pela população como aqueles afetados
pela praga da corrupção. No ano passado, oito de cada dez brasileiros
questionados acreditam que os partidos são corruptos ou muito corruptos.
Lidar com casos de corrupção, sancionar corruptos, evitar premiar políticos
corruptos com nossos votos, essas são as formas para reverter a percepção
negativa se queremos que a democracia ganhe força e seja saudável. Para a
presidente, os escândalos recentes de corrupção se traduzem em um início
desafiador para seu novo mandato. Mas é também um momento aberto para
oportunidades caso nossa mandatária puna rigorosamente os envolvidos, nem
que seja para cortar a própria carne.