Os olhos das renas ficam azuis na época do Natal, contrastando harmoniosamente com o nariz pintado de vermelho de Rudolph, a rena mais famosa do Papai Noel…
A ciência explica que a mudança de cor acontece realmente, por adaptação à falta de luz solar no longo inverno do polo Norte, habitat natural das renas terrestres e residência oficial das voadoras.
Tal ajuste ocorre na superfície refletora atrás da retina central, mais conhecida como tapetum lucidum, para otimizar a visão diante da pouca claridade disponível, tornando todas as renas – agora de olhos azuis, como cabe aos nórdicos – iguais como clones.
Já os homens precisam de um gorro…
Sob o “efeito São Nicolau”, veem-se por toda parte Papais Noéis, Mamães Noéis, Bebês Noéis, Cachorros Noéis, Gatos Noéis, e os humanos – bem como todos os demais assim considerados – exibem, mais ou menos iguais, mais igualdade.
Embora as suas leis – imaginárias como Tordesilhas – suponham todos o tempo todo como farinha do mesmo saco, é no do bondoso velhinho que a disparidade praticada pelos homens se esconde.
Nestes dias de encenação coletiva que extravasa das procissões, a começar pelos presidentes, todos vestem a carapuça e concedem indultos e se purificam no ritual da doação.
O comunismo real impera, e os homens, fiéis ao roteiro – uns mais, outros melhor – se empenham em demonstrar aos céticos pagãos que são, sim, aqueles semelhantes da versão religiosa de sua criação.
Pelo menos até o gorro voltar pro baú…
Feliz Natal a todos nós, porque entendemos, finalmente, que todos têm direito à Santa Ceia.
Se sobreviverem – pelados como no reality show! – a todas as intempéries e conseguirem chegar até o abrigo e a mesa farta que prometemos deixar posta no ano que vem!