O mundo anda péssimo

Para quem não se ilude com o ufanismo, não existe muito o que comemorar neste 2012. Já nem falo em valores, em moral, em civismo, patriotismo, solidariedade e outras palavras que já caíram da moda, muito antes da exclusão de suas práticas na sociedade atual. Falo em termos compreensíveis para a maior parte dos “iluminados”. Daqueles que têm alguma parcela de poder, que exercem autoridade, que comandam o mundo.

Para estes, o que vale é o dinheiro, a economia e o deus mercado. O Brasil, esperança do mundo, a sexta economia, já foi ultrapassado pela Inglaterra. O crescimento foi quase zero. O “Economist” faz piadas com o ministro que procura explicar o insucesso das políticas públicas, o aumento da inflação, a queda das exportações, o incremento da dependência externa.

O Brasil continua a vender commodities e mesmo estas são boicotadas, seja pela “vaca louca”, seja por denúncias ambientais que evidenciam o escancarado retrocesso na ecologia tupiniquim. O Rio teve na última semana do ano a maior temperatura desde 1915. Furacões no sul. Seca no nordeste. Violência aumentando em escalas de guerra civil. Continua a liquidação de policiais em serviço e fora dele, em todos os quadrantes da megalópole.

No período de festas, em que o coração fica mais mole, o vandalismo continua. Bêbados à direção matam e não se comovem com o aumento da multa. O aeroporto do Rio teve duas horas de apagão e quem pretendia embarcar não conseguiu. Quem desembarcou no escuro, levou horas para resgatar a bagagem. Não se devolveu a taxa de embarque, não se explicou o que aconteceu.

E ainda se quer convencer que tudo terá solução antes da Copa e das Olimpíadas. O loteamento de cargos públicos de acordo com a cota parte de cada partido continua a ser a regra e os prefeitos que assumirem vão dizer que encontraram o caos, enquanto que os antecessores dirão que sobrou dinheiro em caixa.

Este o Brasil que não leva a sério a única chave de transformação ainda possível: a educação de base, consistente, para as crianças e para aqueles que não a tiveram durante a fase propícia à escolaridade. Mesmo assim, Feliz Ano Novo a todos. Vamos encontrar a esperança que fugiu e não quer mais aparecer.