O mundo novíssimo

Deu o que falar o artigo “Como conciliar tudo isto?”, em que eu comentava a realidade dos “wearables” e o anacronismo de se guardar papel velho. Inconcebível que os processos judiciais tenham de durar eternamente, enquanto os próprios seres humanos, mais dia menos dia, virarão pó. É sensato, num país pobre, destinar dinheiro do povo para arquivar processo findo?Essa discussão deve ser travada aqui em São Paulo, que tem o maior acervo de feitos guardados em ambiente climatizado e que custam uma fortuna ao povo. Mas vamos confiar no bom senso e na irreversibilidade das conquistas tecnológicas. Além dos aparelhos já disponíveis, quais a pulseira que mede os passos e a frequência cardíaca, os óculos que são verdadeiros tablets, há novidades de inegável utilidade e que superam os desejos dos dependentes da eletrônica.

Laboratórios de empresas e universidades desenvolvem projetos como os dos chips implantáveis no corpo humano. Serão de extrema valia para que os médicos possam acompanhar, continuamente e à distância, dados vitais de seus pacientes. Um exemplo é o nível de insulina no sangue. Se o nível for baixo demais, um sinal alertará o usuário. A saúde será monitorada e isso garantirá viver mais e melhor.

Outras deficiências poderão ser corrigidas graças a tais avanços. O artista plástico inglês Neil Harbisson já se serve de um “wearable” para saber quais são as cores do universo. Portador de acromatopsia, doença que não distingue as tonalidades e faz com que ele enxergue tudo em branco e preto, serviu-se das descobertas e desde 2004 passou a usar uma tiara co sensor que capta as cores do ambiente. Cada cor corresponde a uma nota musical. Neil incorporou uma sinfonia à sua rotina.

O mundo está aberto ao avanço da ciência. E isso graças à exponencial redução do tamanho dos chips, cada vez menores, mais baratos e potentes. Isso é bom? Isso é mau?

Sem maniqueísmo, há faces saudáveis e faces cruéis em quase tudo na vida. A revolução tecnológica é irreversível. Extraiamos dela o melhor. E estejamos prontos para mudanças, pois o que está parado, neste mundo, está morto e não sabe.