NOVE DE JULHO DE 1932

Em 1929 o planeta vivia o caos com o Quebra da Bolsa de Nova York, no
Brasil não era diferente. Nesse cenário o Paulista Julio Prestes ganhou a
eleição presidencial de seu oponente Getúlio Vargas. Prestes “ganhou mas não
levou”. Na ocasião as eleições eram “diretas” porém os votos não eram
universais. Além das mulheres não poderem votar, as eleições eram amplamente
fraudadas. Antes mesmo de Julio Prestes assumir em 1930, com um golpe de
estado depuseram o então Presidente da República Washington Luiz, e
entregaram o cargo a Getúlio Vargas. Getulio concentrou poder e nomeou
interventores nos estados. Os fazendeiros paulistas eram os mais
insatisfeitos e encabeçaram uma forte oposição ao governo Vargas. Houve
também grande participação de estudantes, comerciários e profissionais
liberais. Os paulistas exigiam do governo provisório a elaboração de uma
nova Constituição e a convocação de eleições para presidente. Exigiam também
a imediata saída do interventor pernambucano e a nomeação de um interventor
paulista. Os paulistas criticavam o autoritarismo de Vargas e a forma que
vinha conduzindo a política. Queriam mais democracia e maior participação na
vida política. O movimento se ampliou depois que quatro universitários foram
mortos por policiais durante um protesto pró-constituição. Foram Martins,
Miragaia, Dráuzio e Camargo que acabaram tornando-se símbolos do movimento
de 1932 (MMDC). No dia 9 de julho, Júlio Prestes ascendeu o estopim para a
revolução. O Estado de São Paulo se mobilizou, milhares de pessoas
tornaram-se voluntárias, moradores chegaram a doar jóias e ouro pela causa e
a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) determinou que várias
indústrias produzissem material bélico. No final, São Paulo tinha 40 mil
soldados, divididos em três frentes principais de combate. A desigualdade
entre as tropas constitucionalistas e as getulistas era grande. Além de um
arsenal menor, o número de soldados paulistas era pequeno em relação aos
adversários. Com mais de 600 mortos, principalmente paulistas, a revolução
acabou, mas o ideal paulista foi vitorioso e teve frutos. Em 1933, foram
eleitos os representantes da Assembléia Constituinte, pela primeira vez, com
voto feminino. Em julho de 1934, a Constituição foi promulgada com muitos
avanços dentre os quais; Ampliação do princípio da igualdade perante a lei,
independente de cor, sexo, idade ou classe social; voto secreto e
obrigatório para todos os maiores de 18 anos; criação da Justiça do Trabalho
e da Justiça Eleitoral; nacionalização das riquezas de solo e fontes d´água;
proibição do trabalho infantil; criação da jornada de trabalho de oito horas
diárias, do descanso semanal remunerado, das férias de 30 dias e da
indenização para o trabalhador demitido; regulamentação os sindicatos.