O BARULHO ENSURDECEDOR NO SILÊNCIO ABSOLUTO

A inquietude própria da vida moderna, imposta pelo atual sistema capitalista de mercado, provoca, como reflexo, um sentimento de insegurança em todos e, em especial, na juventude; provoca uma instabilidade nas decisões dos agentes econômicos e, junto aos trabalhadores, investidores e empresários, que, via de regra, passam por momentos de decisões importantes, que irão refletir em seus futuros e de seus familiares, tudo isso diante de um ambiente volátil, de incertezas quanto ao momento próximo na dependência do posicionamento, do “mercado” ainda por se definir.

Segundo especialistas, pelo que lemos e ouvimos, a depressão; a ansiedade; o estresse são os “herdeiros” certos dessas circunstâncias.

Numa reflexão mais profunda acerca dessas realidades, pode-se concluir o quanto é possível haver “um barulho ensurdecedor quando podemos estar refletivos em um ambiente de absoluto silêncio, isoladamente.

É pertinente questionar, como é possível haver tanto barulho em meio a um silêncio absoluto, ao mesmo tempo?

– A resposta está contida em várias etapas, desde as iniquidades do mundo, que criou ao longo dos séculos a miséria; a extrema pobreza vivida por grande parte da população mundial, que vive no submundo da fome, da falta de água potável, sem saneamento básico, quase sem acesso à medicina e sem poder estudar os seus filhos. Do lado oposto, os países ricos com todos os seus valores, inclusive as sobras de vacinas contra o COVID-19.

Outra etapa, consiste na insegurança vivida pelos jovens, que não confiam na oportunidade futura como um evento certo. Navegam estudando sem saber se poderão ancorar em algum porto seguro. Essa insegurança é intrínseca à dinâmica da “inovação” no mercado funcional e de negócios que valorizam a robotização e a inteligência artificial.

Aos investidores, principalmente, aos pequenos e médios empresários, mas também grandes empresas, a instabilidade dos negócios; o fato do desemprego dos trabalhadores que leva a consequente queda na capacidade de consumo; o momento presente da intercadência da pandemia do COVID-19 no mundo, com a sua variante “DELTA”; a instabilidade climática e seus efeitos nos países e nas economias; as

constantes variações registradas na inflação mundial, na perspectiva de crescimento dos países e na própria instabilidade nas relações entre as principais nações, provocam insegurança e perdas indesejáveis a todos.

Esses fatos e outros, como as injustiças, o egoísmo, a caridade possível que não é realizada, a falta de solidariedade entre as pessoas; entre as famílias e entre os países e muitos outros males que nessa oportunidade, somente nossas mentes poderão vislumbrar, nos levam, quando permitimos e quando meditamos “silenciosamente”, a termos em nossas consciências um turbilhão de problemas, de fatos e ações que retratam e reportam a vida que todos temos e, esse “barulho em nossas mentes”, que não ouvimos fisicamente, mas que sejam úteis para uma sensível e possível transformação global, que envolva a todos: nações e famílias para um novo posicionamento pós pandemia, com ouvidos atentos ao clamor silencioso dos oprimidos; do meio ambiente que não reclama, mas reage e, que o mundo se reposicione porque se muitos não consomem, haverá um tempo que não haverá crescimento sustentável; se muitos permanecerem excluídos, não haverá paz duradoura; se muitos não tem saúde, não haverá saúde universal.

Se o mundo não mudar, o tempo, senhor da razão, nos mostrará o caminho certo, que não é este que o mundo vive e exigirá dos países e das pessoas profundas transformações.

Messias Mercadante de Castro é professor de economia na UNIANCHIETA, Conselho de Administração da DAE e Consultor de Empresas.