Ó pátria mamada!

Neste 14 de julho, dia da Tomada da Bastilha, o povo francês comemora o seu feriado nacional fazendo festa, a “Fête de la Fédération”…

Durante o reinado de Luís XVI, a França enfrentava uma grande crise econômica, agravada por um sistema leonino de cobrança de impostos.

Qualquer tentativa de lidar com o problema era barrada por protocolos arcaicos e pelo conservantismo do Segundo Estado formado pela nobreza, a qual representava menos de 2% da população francesa da época.

Consequentemente, o “proletariat” – no francês antigo, a classe que mais trabalhava e nem sindicato tinha! – gente do então Terceiro Estado, se reorganizou e formou a chamada Assembleia Nacional, depois renomeada Assembleia Nacional Constituinte, cujo principal objetivo era a criação da Constituição Francesa.   

A Bastilha, uma fortaleza medieval usada como prisão, representava a autoridade de Sua Magestade – de popularidade baixa nas pesquisas de antanho! – bem no meio de Paris, muito antes dela ser conhecida como a cidade-luz.

Excitados pela naturalização de verdade enfim possível, um grupo de menos de mil súditos revoltados resolveu tomar pra si o forte e seu grande estoque de pólvora, guardado apenas por pouco mais de uma centena de veteranos de guerra e mercenários suíços.

Presos, havia apenas sete velhos malucos (ou tidos como tal) – o Marquês de Sade, inquilino contumaz, havia sido transferido de lá dez dias antes – que, irritados pelo distúrbio, devem ter cooperado muito pouco.

Após algumas horas de espera inútil por acordo (leia-se rendição), os revoltosos tomaram a fortaleza na marra, ajudados pela adesão de guardas reais amotinados e ao custo de menos de 100 vítimas fatais.

O governador do forte foi degolado e sua cabeça pendurada numa estaca, como a daquele juiz de futebol no Maranhão, mas nada que preocupasse a realeza…

Com a queda da Bastilha e a subsequente Declaração dos Direitos dos Homens e do Cidadão, a revolução francesa – que se havia iniciado com a negativa dos nobres em ajudar o rei com mais impostos e passado pelo estágio da formação da Assembleia Nacional pelos menos nobres – foi se consolidando, e seu efeito como ferramenta eficaz de um povo contra a tirania se propagou por toda a Europa, incluindo os rincões da autocracia russa.

Como nos conta a história, as quedas de bastilhas – ou de brasilhas! – ocorrem sempre que há muito lactente e pouco úbere na vaccam populus.

E a mecânica nos ensina que, comprimido, até o ar que respiramos só precisa de uma pequena, quase invisível, fagulha pra explodir…

Ingresso grátis para o grande espetáculo do circo não apazigua e nem aquieta sempre – às vezes até instiga mais!

E muito menos brioche com gosto de pão amanhecido!