O QUE ESPERAR DE DILMA

Na vida, sempre que a gente dá uma cabeçada, deve-se aproveitar a
experiência para não repetir o erro. A presidente Dilma, cuja falibilidade
no gesto de escolher já se tornou notória, além de preocupante, pretende
realizar reforma em seu extenso Ministério. São trinta e nove oportunidades
de recuperar a economia, salvar o Brasil de uma crise política e ainda ter
alguma chance nas eleições presidenciais de 2014. É de esperar que ela seja
contaminada pela maravilhosa sabedoria de reconhecer que falhou em algumas
ocasiões e novamente poderá falhar. Daí a necessidade de extremo cuidado na
seleção e nomeação de pessoas que a ajudarão a governar. Viu-se que boa
parte da turminha que a acompanha e a envolve está voltada para interesses
pessoais e políticos, distanciando-se do princípio republicano de que os
bens públicos não pertencem a quem é escolhido para administrá-los. O
administrador eleito que confunde os bens públicos com os seus acaba por
confundir também os dinheiros e fazer aquilo a que a Nação toda assistiu,
pasmada, ou seja, atos administrativos suspeitos de enorme desonestidade,
além de ganância pessoal desmedida. Desde sua primeira semana de comando,
quando o homem forte de seu governo, Antônio Palocci, se comprometeu – e
também a presidente – com a afirmação tola, pueril, infantil de que não
poderia indicar a origem de sua fortuna porque os contratos que assinara com
os pagadores envolviam cláusula de sigilo. Enfim, ficou a ideia de que o
homem que chefiaria a Casa Civil não era capaz de explicar a forma como
tanto enriquecera. Depois das manifestações que tomam o País, nossa
Presidente vem repensando a vida. Num de seus últimos discursos, lembrou uma
das máximas de Nicolaus Maquiavel em “O Prícipe”, obra prima de 1513, que um
governante tem que ouvir seu povo e sempre estar a frente dos fatos. A
inércia do primeiro escalão de Dilma Rousseff não tornou-se pública por
iniciativa moralizadora da Presidente, mas por admirável ação popular com
trabalho intenso de jornalismo. Nesse quadro, a presidente Dilma externou
frágil conduta, porque somente agiu por reação. Ou seja, diante de passeatas
incessantes e denúncias de jornais, rádios e televisões. Ficou a impressão
de que a referida turminha braba estará deixando o governo antes que o povo
pense melhor e comece a pedir que nossa Presidente o deixe. Espera-se que
Dilma, diminua a quantidade de ministros, montando uma equipe capaz de tomar
iniciativas e corrigir a frágil estrutura política e econômica do Brasil,
sem falácias e chutes, como fez até então.