O PORQUÊ DA ECONOMIA

O Brasil vem retomando sua economia de forma muito lenta. Boa parte da
recuperação vem sendo carregada pela agricultura. Se a retomada já era
frágil, os prejuízos bilionários provocados pela greve dos caminhoneiros
trouxeram ainda mais dúvidas sobre a capacidade da nossa atividade
econômica. Grande parte do mercado rebaixou nosso crescimento de PIB
(Produto Interno Bruto) a menos 2% nesse ano. Vou elencar o que vem
destruindo nossa economia. Destaco sobre tudo a alta taxa de desemprego de
12,9% ou 13,3 milhões de pessoas sem ocupação e renda. Tal desemprego é
freio de consumo nas famílias, que representam cerca de 60% do PIB. Esse
freio no consumo se manifesta especialmente nos serviços e no comércio, que,
no primeiro trimestre viveu o caos. O crédito bancário está muito caro. A
redução da Selic (Taxa Básica de Juros) ainda não foi repassada
completamente à economia. Os juros bancários permanecem em patamares
elevados e não estimulam empresas e consumidores a investirem e consumirem.
O endividamento elevado das famílias e das empresas, assim como a
inadimplência voltou a crescer. Os investimentos não avançam, pelo
contrário, são cortados pelo governo. Com as contas dos governos federal e
estaduais no vermelho, os investimentos públicos encolhem e ajudam a
explicar o ritmo fraco de recuperação da economia. Do lado da iniciativa
privada, as incertezas políticas, o ritmo fraco da construção civil e os
atrasos no programa de privatizações, também dificultam uma reação maior dos
investimentos em infra-estrutura. Com o Congresso moribundo, o Brasil tem
uma pauta econômica emperrada e sem rumo. Nossa agenda de reformas
defendida pelo desgoverno de Michel Temer ficou pela metade. A atual gestão
sempre assumiu um discurso de que o sucesso da agenda de reformas seria
fundamental para garantir a retomada da economia e, assim, estimular o
crescimento econômico, mas a fez pela metade. Estamos em ano eleitoral com
quadro político incerto. A possibilidade de vitória de um candidato não
reformista deixa os investidores bastante receosos com o futuro da economia
brasileira. O ambiente externo está muito desfavorável para o Brasil. Há
perspectiva de menor crescimento da economia mundial, anúncio de medidas
protecionistas pelo governo Trump e temores de uma guerra comercial, assim
como alta nos juros americanos. Já a China, está projetando um crescimento
de PIB menor em 2018. E assim o Brasil patina, e assim nossos sonhos viram
pesadelos.