Onde estamos?

Não entendo o motivo da violência e dos excessos nas manifestações contra o aumento das passagens de ônibus. Reclamar é direito de todos. Fazer pressão junto ao Governo, também. Ocorre que o abuso não se justifica. Não é civilizado agredir pessoas, nem pichar prédios tombados como o Tribunal de Justiça, nem quebrar vidros de agências bancárias, nem queimar viaturas.

 

O que está acontecendo com o Brasil? O que se verifica é uma falta de compostura, uma perda total de limites, uma ausência total de controles travestida de liberdade de manifestação. Seria consequência do período de arbítrio, que sufocou o grito dos inconformados com o autoritarismo e, ao cessar, fez romper as barreiras da sensatez?
As grandes concentrações exteriorizam uma situação singular. Aquilo que a pessoa não tem coragem de fazer sozinha, ela o faz quando estimulada pela multidão. É o famoso “crime multitudinário”, praticado por uma coletividade enraivecida e irada. Por isso mesmo, somos chamados a civilizar a população. Pedir uma conduta adequada e pacífica.Um comportamento compatível com o país que se autointitula emergente, a caminho da economia situada entre os primeiros seis Estados nacionais. Algo digno de uma nação que alcançou índices ótimos de quantificação educacional, que se orgulha de se livrar de parte considerável da miséria. O que não é possível é permitir que a cada passeata a população se amedronte, se aterrorize, tenha de se esconder e a insegurança geral se dissemine por toda a metrópole. Cabe impedir que os recursos sempre insuficientes para atender a todas as demandas, sejam desviados para consertar os ultrajes perpetrados por manifestantes irados.
É preciso pedir juízo a todas as pessoas, igualmente chamadas a edificar uma pátria justa, fraterna e solidária. Basta comparar a população brasileira com a população da Índia. Embora os indianos sejam em número muito superior aos brasileiros, ali não existe o nível de violência aqui registrado. Falta educação, não no sentido de transmissão formal do conhecimento em estabelecimento escolar, mas num outro enfoque, muito mais sério: educar é treinar para um bom convívio. E um bom convívio é a coexistência pacífica, não a bagunça generalizada, a guerra de todos contra todos.