OS NOVOS JOVENS

Na noite de cinco de agosto, um casal de policiais militares, o filho de 13
anos e mais dois parentes foram achados mortos a tiros na zona norte de São
Paulo. Segundo investigações, o maior suspeito é o jovem filho do casal.
Segundo criminólogos, casos como esse são raros e isolados. A sociedade
oferece muita informação aos nossos jovens, ficando esses expostos a um
arsenal de opções que levaríamos uma existência para vivenciar a duas
décadas atrás. Os pais devem acompanhar os filhos com vistas a essa
realidade. As bases da juventude ainda são família, religião e educação. O
futuro está todo nas mãos dos jovens. Em sua visita ao Brasil, o Papa
Francisco sabiamente mencionou que os extremos da sociedade estão isolados
pelo capitalismo. Numa ponta os jovens e noutra os velhos, ambos não
consumidores. O mundo continua sob o fogo cruzado com uma crise
econômico-financeira sem precedentes. A maior parte dos desempregados é
jovem. Em alguns países 50% deles estão sem trabalho. O quadro brasileiro é
um pouco diferente, mas nem tanto. Há nesse momento, profundas mudanças
comportamentais em andamento. Os filhos e os netos da permissividade moral
sentem uma profunda nostalgia de valores. Os anos da revolução sexual
produziram muito sexo e pouco amor. O relacionamento descartável deixou
grande vazio. Agora o “auê” vai sendo substituído pelo sentido de
compromisso. O desinteresse pela política é, na verdade, uma rejeição a
imoralidade de grande parte dos políticos. As atuais manifestações de rua
são apolíticas provando isso. A renovação ética do Brasil não virá do
blá-blá-blá vazio dos caciques partidários, de propagandas televisivas
vazias, mas da base da pirâmide etária. Mesmo os jovens que convivem com
violência doméstica consideram importante à base familiar. No campo da
afetividade, antes marcado pelo relacionamento descartável e pela falta de
vínculos, vai-se impondo a cultura da fidelidade. O frequente uso de
alianças na mão direita manifestação visível de compromisso afetivo, revela
algo mais profundo. Assiste-se na universidade e no ambiente de trabalho, ao
ocaso das ideologias e ao surgimento de um forte profissionalismo. Ao
contrário das utopias do passado, os jovens acreditam “na excelência e no
mérito como forma de se fazer revolução”. Defendem o pluralismo e o debate
das ideias. O pensamento divergente é saudável. As pessoas querem um
discurso diverso, não um local onde se pregue apenas uma corrente de
pensamento. Na história humana sempre houve tragédias e exceções. De verdade
os ventos são bons e a juventude construirá uma nova civilização mais justa
e para todos.