PROJETO CRIMINOSO DE PODER

O projeto do Partido dos Trabalhadores, PT, para mudar a cultura da
política nacional fracassou já no início de 2003. Na realidade, o PT deteve
o poder central, ocupou a máquina do Estado, criou um razoável aparato de
propaganda e apoderou-se do que é público financiando-se. Depois do processo
do “Mensalão”, a Operação Lava Jato vem desvendando o lado mais sórdido
daquele projeto de poder. O PT sempre usou duas táticas combinadas para
enfrentar as denúncias de corrupção. A primeira; uma política social que
distribui renda e reduz as grandes desigualdades nacionais e a segunda;
criando uma versão corrigida para os fatos negativos, certo de que a opinião
pública ficará perdida na guerra de versões. Somente o impacto das
investigações da Operação Lava Jato já está sendo o bastante para paralisar
o País, rebaixar a taxa de risco da Petrobras, fomentar demissões em massa,
quebrar construtoras, dividir a base aliada, minar a Presidente Dilma que
ruma para seu impeachment. Depois do Procurador Geral da República Rodrigo
Janot e dos delegados responsáveis pela investigações da Operacão Lava Jato
chegarem a uma conclusão, como ficará o partidão? Nesse momento o “capo”
Lula vive o “tudo ou nada”. Na semana, foi ao Rio de Janeiro para estrelar
um “ato em defesa da Petrobras”, piada. Ao discursar declarou guerra ao
inimigo. “Eu quero paz e democracia, mas se eles querem guerra, eu sei lutar
também.” Parece o começo do fim. Este é um momento crítico na história do
PT. Paulo Maluf foi acusado durante anos de desviar dinheiro para o exterior
e sempre negou. A condenação e a eventual prisão de uma leva de líderes do
PT não o afastará do poder, mas transformará o encontro nos jardins da casa
de Maluf em algo mais que uma simples oportunidade fotográfica, torna-os
semelhantes. Em defesa de Maluf pode-se dizer que ele nunca prometeu a
renovação ética da política brasileira. Montado numa máquina publicitária,
apoiado por uma miríade de intelectuais, orientado por competentes
marqueteiros, o PT viverá em escala partidária a aventura individual de
Maluf: negar as evidências. Até o momento nada mostra que assumirá a
realidade. Seu caminho deve ser negar, negar, como o marido infiel nas peças
de Nelson Rodrigues. A Operação Lava Jato não é um cadáver no armário,
invenção de opositores ou da imprensa. Nasceu, cresceu e implodiu nas
entranhas do governo petista. É difícil sentar-se em cima dos fatos.