Nunca aceitei bem essa volúpia governamental por propagandear as suas façanhas, como se fosse mérito cumprir o dever. A obrigação de quem ocupa cargo ou função pública é bem servir ao povo. Povo sacrificado que o remunera, povo sacrificado pelo excesso de tributação. No Brasil o fisco tentacular espolia como se fora o Primeiro Mundo e devolve em serviços de péssima qualidade. O que levou Cristovam Buarque a dizer: “IDH no Brasil não se traduz em números, mas em uma palavra: “vergonha”!.
Mas os gastos com publicidade só aumentam. Eugênio Bucci, professor da ECA-USP e da ESPM em artigo instigante, “Dinheiro de todos a favor de poucos” (OESP 28.4.13) é um bisturi preciso. A rubrica orçamentária “Comunicação governamental” ostenta taxas exponenciais de crescimento.
Na Prefeitura de SP, gastava-se em 2005 R$ 9,7 milhões e em 2011 foi para R$ 126,4 milhões. No governo paulista, entre 2003 e 2006, gastou-se R$ 188 milhões e de 2007 a 2010, o salto foi para R$ 756 milhões. A Sabesp destinou R$ 10 milhões em 2003 e em 2012 despendeu R$ 98 milhões.
A observação do jornalista/docente é irrespondível: “Se as verbas da educação e da segurança se avolumassem nas mesmas taxas, a cidade e o Estado de São Paulo teriam a maior concentração de Prêmios Nobel do planeta e o governador não teria que sair por aí defendendo a redução da maioridade penal a cada novo latrocínio”.
É evidente que não é a necessidade de transmissão de informações que leva os governos a esse desperdício. Se o dinheiro fosse bem aplicado, os resultados diriam por si.
O que se pretende é mascarar administrações capengas, loteadas entre os partidos aliados, quando São Paulo poderia ter Secretariado qual Ministérios, tantas as opções abertas aos governos. Aqui reside a inteligência do Brasil, as melhores universidades, as melhores empresas. Tudo aquilo que sobrevive a despeito dos obstáculos postos pela incompetência estatal. Estes poderiam administrar com eficiência, dando um curto-circuito de gestão à Administração Pública. Pois o choque já não é suficiente. Se não vier um colapso urgente, onde iremos acabar?