TEMER, O BREVE

Depois que o Senado referendou o afastamento temporário da Presidente Dilma
Rousseff, acompanharemos o processo que poderá culminar com seu impedimento
definitivo. Em cerca de até 180 dias assistiremos o que “nunca antes na
história desse País” pode-se imaginar. Imediatamente após o referendo,
entendeu-se tapete vermelho para o vice Presidente, Michel Temer (PMDB-SP),
tornando-o Presidente do Brasil. Uma semana antes, Temer já havia tido seu
primeiro revés político, perdeu o Presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Afundado em denúncias e acusado de no mínimo cinco
crimes, Cunha não resistiu ao Supremo Tribunal Federal (STF), que em decisão
inédita e unânime, suspendeu seu mandato de Deputado, bem como o afastou da
Presidência da Câmara. Não fossem seus crimes, Cunha teria sido Presidente
da Câmara como nunca visto nessa República. Conhecedor profundo do
regimento interno, deu show de interpretação e de bom senso na aplicação das
regras da casa. A queda de Dilma Rousseff foi possível por uma série de
fatores, a maior parte deles passaram pelas mãos de Cunha. Sua vitória
acachapante contra Arlindo Quinaglia (PT-SP) para presidente da Câmara, a
aprovação do Projeto de Emenda Constitucional conhecida como PEC da Bengala,
etc. O ex- Deputado e delator do “Mensalão”, Roberto Jefferson, foi
oportuno ao dizer que “Cunha foi um pistoleiro a altura de Lula e as
acusações contra ele não inviabilizam seu o trabalho à frente da Câmara”. A
vida política de Temer não será fácil. A força-tarefa da Operação Lava Jato
da Polícia Federal (PF), depois de investigar PP e PT, focará políticos do
PMDB a partir dos dados de contas e offshores de operadores de propinas. Com
isso estão na mira, o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), o
presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), o presidente afastado da Câmara
dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), o ex-ministro e senador Edison Lobão (MA)
e o senador Valdir Raupp (RO). Na prática, Eduardo Cunha poderá implodir a
República caso resolva falar em delação premiada, já que provavelmente é o
maior detentor de informações do esquema criminoso de poder que nos assola.
Desejo a Temer boa sorte, mas não creio que resistirá por muito tempo no
cargo. Importante ficarmos de olho em quem assumirá a Presidência da Câmara,
ali poderá estar a pessoa que conduzirá o Brasil até 2018.