TEMER QUER A PRESIDÊNCIA

Com alarde e fanfarra do presidente do PSDB Senador Aécio Neves, o ministro
Gilmar Mendes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pediu à Procuradoria
Geral da República, e a Polícia Federal que investiguem as “denúncias de
graves ilegalidades no financiamento” da campanha presidencial da chapa
Dilma Rousseff e Michel Temer. Quase que imediatamente, o ex presidente
Fernando Henrique Cardoso, alinhado com o Senador José Serra (PSDB),
procurou apartar o vice presidente Michel Temer, defendendo a renúncia de
Dilma, calando a boca de Aécio Neves que deseja novas eleições com o
impeachment da presidente. Fernando Henrique na prática entendeu tapete
vermelho para o vice Presidente Michel Temer se tornar presidente do Brasil,
no caso de uma renúncia da presidente Dilma. Temer, em seguida, declarou
que vai deixar a articulação política do governo com o Congresso. Com o
estímulo do PSDB e aborrecido com a falta de cumprimento de acordos e com a
“articulação paralela” promovida no Palácio do Planalto, o vice presidente
só avalia o melhor momento para que sua saída não seja vista como mais um
fator de instabilidade, no rastro da crise política. Nos últimos dias,
vários fatores contribuíram para reforçar sua decisão. Também presidente do
PMDB, Temer ficou contrariado com “olhares enviesados” de petistas, após
dizer que o País precisava de alguém com capacidade de “reunificar a todos”.
O apelo para evitar a pauta bomba, que aumenta os gastos do governo, foi
interpretado por alguns petistas de peso como uma tentativa de Temer de
obter protagonismo no momento em que a presidente Dilma Rousseff enfrenta
ameaças de impeachment. Em café da manhã com o ex-presidente Lula, ministros
e parlamentares do PMDB, Temer mostrou indignação com comentários de que se
apresentava para o lugar de Dilma, evidentemente jogo de cena, pois no fundo
é o lugar de Dilma que Temer deseja. O vice-presidente também ficou
contrariado por não ter sido chamado por Dilma para reunião no Palácio da
Alvorada, no domingo, após as manifestações de rua contra o governo. Parece
que se inicia uma nova fase dos esforços para sacar de forma democrática a
agonizante presidente Dilma. Visivelmente a oposição está se articulando
para viabilizar a substituição da presidente Dilma com ataques que “virão
por terra, mar e ar”. Os ânimos vão se acirrar.