Muito interessantes esses tempos modernos, tão diferentes, rápidos e impacientes, que sempre mesmerizaram o homem desde que este começou a desvendar a natureza – considerando que este ‘escriba’ possa redefinir de moderno tudo o que revela os segredos do velho e vai muito além, passando a criar um novo.
O incrível ‘bicho-homem’ não só tem conseguido revelar o que a natureza escondeu por bilhões de anos como também passou a dominá-la, confundindo a sua identidade, camuflando a sua forma e alterando o seu curso.
Ninguém sabe no que vai dar, como também ninguém saberia se assim não fosse, porque, nesta altura, Deus deve ter deixado que do futuro cuidem – às suas próprias custas – aqueles que fez à Sua imagem e semelhança…
Pena que a vida humana – no que concerne ao indivíduo – continue tão curta, apesar de tanta evolução, e a curiosidade do homem seja, paradoxalmente, cada vez mais estimulada pelo conhecimento que ela mesma foi, avidamente, buscar!
Pra ficar só no campo da comunicação, conta a história dos homens que um dia – não tão distante assim – percebemos que precisávamos grunhir pra nos entender.
Como não conseguíamos entendimento, inventamos palavras e demos nomes aos bois e a todas as outras coisas. Vieram os palavrões e as ofensas.
Insaciáveis, quisemos imortalizar a conversa e veio a escrita e o registro do que falávamos – ou imaginávamos que nós ou alguém tivesse dito – tanto do boca-a-boca carinhoso como do bate-boca inevitável.
Obstinados, acabamos criando aparatos de imagem, de som e de texto só pra manter tal ‘chama’ – no caso, a conversa – acesa. A presença física se tornou totalmente dispensável, eis que o ‘virtual’ se tornou bem mais interessante…
Aliás, o homem tem modificado tão vertiginosamente o seu meio que acabou mudando também a noção de longevidade da sua própria existência individual: enquanto viver se torna ‘arte nova’ em questão de alguns anos graças à tecnologia, a complicada natureza humana não se deixa adulterar com a mesma facilidade.
A sensação que se tem é que a vida da gente, em sua plenitude natural – apesar de estatística e indubitavelmente mais longa! – vai se tornando cada vez mais passageira e inoportuna…