TEORIA DA CONSPIRAÇÃO

O Cônsul romano Marco Túlio Cícero (106 – 43a.C), um dos maiores
oradores e escritores em prosa da sua época, ao responder a conspiradores
coléricos, costumava iniciar com uma lembrança: “Oratorem irasci minime
decet” (não é decente que o orador se deixe levar pela cólera). Advogado e
grande tribuno romano, sabia que todas as vezes que a oratória sai do
terreno do bom senso para descer a escarpa sinuosa da raiva leva consigo o
desatino, a inverdade e os devaneios. Somente devaneios irresponsáveis
explicam as teorias conspiradoras que rondam o caso da queda do avião que
transportava o valoroso Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e relator
da Lava Jato, Teori Zavascki e outros quatro ocupantes. Impressionante a
criatividade e o desatino dos brasileiros. Para completar a falácia, dizem
do fim das investigações e do retrocesso das punições aos culpados na
Operação Lava Jato. Debite-se, também, o excesso imaginativo das pessoas ao
corredor escuro que atravessamos. Perdemos a identidade e queremos
recuperá-la, custe o que custar. As manifestações que se expandem desde
2013, cujo foco clama por menos promessas e mais resultados, nasceram no
seio da população, nos grupamentos mais sensíveis aos impactos decorrentes
do déficit de governança, dentro do qual se inserem a inação do Poder
Executivo e o vazio do Poder Legislativo. Os brasileiros não são mais os
mesmos, o povo é dono das ruas, clama e está atento a tudo. A morte do
valoroso ministro Teori Zavascki abre uma vala na história do País, pela sua
honra e retidão e pelos serviços prestados a nação, porém, suas atividades
serão herdadas conforme a constituição e o regimento do STF. O presidente
Michel Temer adiantou que escolherá o substituto do ministro Teori somente
depois da presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, ter definido a
relatoria dos processos da Lava Jato. O presidente considera que seria
“interessante” que a indicação do substituto fosse anunciada depois de um
posicionamento de Cármen, o que o deixaria “mais confortável” na definição
do nome e também ficaria preservada de eventuais suspeitas de que o
presidente quer interferir no andamento das investigações da Lava Jato. O
Brasil está sendo passado a limpo, “como nunca na história desse País”.
Preservar a Lava Jato é zelar pelo maior patrimônio contemporaneamente desse
estado, e assim será.